Sharp GX10
Especialmente desenvolvido em parceria para o lançamento a nível mundial do serviço Vodafone Live, o Sharp GX10 é um modelo de 2,5 geração, rapidamente a caminho da terceira, para o que apenas lhe faltará capacidade de armazenamento, vídeo streaming e, obvia e concomitantemente, capacidade de acesso à rede através de maior largura de banda. De resto o terminal incorpora muito do know how japonês que fez o sucesso comercial do I-mode: tecnologia Java que lhe confere o dinamismo de correr aplicações – e nomeadamente jogos – expressamente escolhidos e descarregados via WAP pelo utilizador; visor de 65.536 cores; câmara fotográfica digital integrada; som polifónico e tecnologia GPRS (4+2 canais) para transmissão facilitada de dados e acesso à Internet.
Comparativamente a modelos com características similares – nomeadamente ao Nokia 7650, igualmente oferecido pela Vodafone Telecel nos pacotes de acesso aos serviços Live – o GX10 ostenta uma enorme vantagem: com menos 47 gramas (107 contra 154) e um design tipo concha, é sobremaneira mais compacto (9,4 por 4,8 por 2,6 centímetros de dimensão, quando fechado) e elegante do que o modelo finlandês.
Por comparação é de notar ainda que, com resoluções similares, o visor do Sharp leva a palma dado a sua capacidade de reproduzir cores ascender à casa dos sessenta e cinco milhares contra as apenas 4096 do Nokia. De resto, no tocante à comunicabilidade com outros dispositivos, mormente tendente à criação de WPLANs e com computadores e agendas pessoais electrónicas, o GX10 limita-se a uma porta de infravermelhos não incluindo, ao invés do concorrente, a tecnologia bluetooth.
Quando aberto, o Sharp ostenta a ergonomia familiar dos modelos «desdobravéis», desde os LG ao Panasonic GD87, passando pelo modelo Samsung T100 de lançamento anterior. Por comparação com este (terminal mais fino a nível da espessura), no entanto, as teclas do Sharp são mais agradáveis de premir, estando melhor dispostas, incluindo um espaçoso «jog dial» de quatro direcções com uma tecla de profundidade e duas laterais para auxiliar a navegação pelos menus de função. De notar que o T100 tem uma tecla (C) especifica para anulação de dados, função que no GX10 é acumulada pela tecla lateral direita.
O altifalante do GX 10 está colocado na parte posterior da metade inferior do telefone o que confere uma certa tendência para, no calor das refregas com os jogos, ser tapado, com prejuízo da qualidade sonora, pelo dedo indicador.
Quando retraído, a metade superior do terminal inclui e mantém visível um pequeno visor monocromático com as indicações fundamentais: data e hora, cobertura de rede, ícone para assinalar a actividade da ligação GPRS e indicador de carga. Quando a receber uma chamada, estes dados são substituídos pela indicação do número de quem liga.
De resto as prestações do GX10 não desiludem: a bateria 720 mAh/Li-on (com tempos de referência de até 250 horas em stand by e 3,5 horas em conversação) é durável q.b. atendendo ao consumo do LCD policolorido; a qualidade sonora tanto da polifonia como das chamadas (com dois botões laterais a permitirem ajustar o volume) e da cobertura de rede (dual band 900/1800) não têm nada a apontar.
Abstraindo da disponibilidade dos serviços Vodafone Live, que convidamos os leitores a ler noutro artigo, o telefone agrupa as suas funções num total de 9 grandes itens de menu: o serviço de Mensagens SMS, MMS, email e suporte para o futuro serviço «Vodafone Messenger» (antecipado como uma espécie de versão ICQ ou MSN para telemóvel); a Câmara, sobre a qual nos deteremos em detalhe mais adiante; Meu Telefone, com itens de acesso às imagens, sons e jogos guardados, incluindo uma opção para aceder a um resumo do estado da memória; Fun&Games, onde são disponibilizados os jogos guardados bem como editores de toques e tons; Perfis, à semelhança do que a Nokia vulgarizou, é possível escolher e editar um de meia dúzia que pré-definem o comportamento do terminal em dadas situações (no carro, numa reunião, normalmente, etc…); Agenda, opção que inclui uma calculadora, calendário, relógio e alarme, opção para gravação de voice memos ou pequenos clips de som a incluir nas MMS; Chamadas, onde se confere acesso à lista telefónica multi-entradas (500 permitidas pelo terminal, à margem da capacidade do cartão SIM), ao registo da actividade (10 últimas chamadas recebias, não atendidas ou efectuadas) e uma opção para desvio; Definições, local de personalização de todas as opções do terminal desde segurança à Internet e à ligação da porta irDa; Vodafone Live, menu para acesso directo aos serviços do Portal; e Vodafone, menu para acesso aos já clássicos serviços do operador: TeleMB, Informação etc…
De lastimar apenas a ausência da opção da função alta-voz, embora o telefone seja fornecido com um auricular. De notar igualmente, pela positiva, o detalhe de supina eficiência das protecções de borracha das entradas do terminal (ligação do carregador, auricular etc…): ao contrário do que sucede em muitos modelos, que permitem o total apartamento das ditas e, portanto, com grande facilidade, a sua perda, no caso do Sharp estas estão «agarradas» ao telefone, não se separando.
É de observar que o terminal é distribuído com um CD-rom com software para configuração do modem e operação conjunta, mormente por infra-vermelhos, com um computador para acesso à Internet a velocidades GPRS.
Uma atenção especial é devida à capacidade e prestações da câmara do GX10. Afinal, depois do já supra aludido Nokia 7650, trata-se, a par do também ele novel Panasonic GD87, do segundo terminal a atingir o mercado português com uma incorporada.
Ao invés do modelo finlandês, que revela a objectiva na metade anterior após deslizamento, no caso do Sharp, a câmara está colocada na ponta da metade superior. É de louvar a inclusão de um pequeno espelho ao lado da objectiva o que permite a quem se auto-fotografa de telefone na mão um direccionamento mais preciso.
No tocante à resolução o modelo suporta três: 60 por 80; 120 por 160 e, no máximo, 288 por 352 pixéis (o Nokia 7650 tem uma resolução VGA máxima de 640 por 480 pixéis, recorde-se).
A grande novidade vem com a inclusão de um temporizador (retardamento de dois segundos entre a pressão do botão e o disparo da objectiva) e funções de ajuste manual de brilho em função de uma escala de 5 posições que vai de -2 (menos brilho) a +2 (mais brilho), passando pela posição intermédia 0. Permitido é ainda o Zoom (na realidade, alternância entre as diversas resoluções).
Comparativamente, a operação da câmara do Nokia reduz-se basicamente a três modos: «standard», «noite» e «vertical» (espécie de modo zoom). Porém, a prática (vede imagens) parece demonstrar que a maior flexibilidade de configurações e ajustes de brilho do Sharp acaba por não ter correspondência real no aumento de qualidade da imagem.
Acresce que o Nokia permite, no próprio telefone, uma forma simplificada de edição das imagens (ampliar, rotação, ver em tela cheia), coisa não admitida no GX10.
De notar ainda que enquanto no 7650 ao compor uma MMS, o utilizador tem a possibilidade de optar pelo envio das fotos ora com maior ora com menor resolução (e tamanho em KB, questão de não somenos importância porquanto o GPRS é taxado em função do volume dados e as mensagens MMS estão limitadas por um tamanho standard de 30 KB), no Sharp é forçado a enviá-las no tamanho com que originalmente as tirou.
De resto, a composição dos MMS obedece em ambos os telefones a padrões similares.
Quanto à memória integrada no telefone, o GX10 oferece 1 MB repartidos em 500KB para MMS e 500KB a distribuir dinamicamente entre as fotos, melodias e os jogos Java. Comparativamente, o Nokia 7650 oferece cerca de 4MB de memória dinâmica.
Neste teste comparámos a prestação das câmaras do Sharp GX10 e do Nokia 7650. Primeiro escolhemos condições nocturnas particularmente difíceis e analisámos o resultado na mesma resolução(120 por 160 pixéis, imagens em formato jpeg produzidas pelos próprios terminais sem ulterior edição, tal e qual são enviadas num MMS). Da esquerda para a direita e de cima para baixo temos assim: fotos do Sharp com parâmetros de brilho +2, 0 e -2, respectivamente e do Nokia 7650 em modo normal e em modo nocturno.
As últimas três fotos comparam, numa segunda fase, os resultados obtidos no mesmo local mas de dia (Sharp com brilho=0, Sharp com brilho=-2 e Nokia em modo standard, para a antepenúltima, penúltima e última respectivamente). As condições de focagem eram relativamente difíceis com o prédio em primeiro plano batido pelo Sol e o conjunto da rua na sombra. O Nokia voltou a produzir melhor resultado.
Por um preço inferior em quase 100 euros, o grande trunfo do Sharp GX10 acaba por ser a menor dimensão e maior facilidade de transporte. De resto, por referência ao Nokia 7650, o terminal tem alguns pontos em défice: a câmara tem uma resolução e uma prestação inferiores; abstraindo as possibilidades abertas pelo portal Vodafone Live, a nível de software e hardware incorporados no telefone, a integração dos serviços de messaging não nos parece tão bem conseguida (por exemplo, enquanto o Nokia inclui um cliente de email no próprio telefone, permitindo o envio de attachments, o Sharp utiliza um mail Vodafone baseado na Net, não admitindo por conseguinte a anexação de arquivos).
Enfim, dentro da oferta Vodafone, entre mais 19 porcento no preço (499,9 para 594 euros) e mais 43 porcento no peso (107 para 154 gramas) o Nokia parece sair comparativamente a perder, sendo que o Panasonic GD87 fica por seu lado desfavorecido pela ausência de Java.
As prestações de fundo, no entanto, incluindo a posse de bluetooth, a superior navegabilidade do terminal finlandês à margem do serviço Live (tanto quanto se sabe num prazo de seis meses o Sharp deverá estar apenas disponível no âmbito da oferta de pacotes da Vodafone) continuam a fornecer argumentos de ponderação para ambos os lados no momento da escolha.
Quanto ao resto e quanto aquilo que se pode, nesta linha, vir a esperar da colaboração da Sharp com a Vodafone bastará uma visita à página da J-Phone, marca do grupo britânico no Japão, para ter uma ideia do que se vai suceder: o Sharp J-SH51, já disponível no mercado nipónico, incorpora leitor de MP3, visor LCD/TFT de 16,7 milhões de cores, suporte de cartões SD até 64 MB para expansão de memória e troca de informação com computadores, de entre as inovações mais proeminentes e atractivas.
Hugo Valentim