Em Espanha, um simples questionário que ocupe apenas 30 segundos de antena na apresentação pode chegar às seis mil SMS por dia, com pico de 43 mil diárias, se se tratar de uma ocasião especial ou data festiva. A CCRTV (o canal televisivo da Catalunha) cobriu todos os seus custos de produção só com as receitas provenientes dos concursos e votações por SMS. O programa televisivo germânico “Jede Sekunde Zählt” (“Todos os Segundos Contam”), que convida os telespectadores a votar em qual será o vencedor do programa, já atingiu o fantástico número de 1.2 milhões de SMS´s em apenas 90 minutos.
A SIC e a TVI já têm o serviço disponível (quase exclusivamente para conhecer opiniões A ou B), mas foi a RTP, através do seu departamente Multimédia, que deu o tiro de partida para um negócio de grandes lucros para o canal televisivo que o explorar. No entanto, e segundo indicações do mesmo estudo da Van Dusseldorp & Partners, não são os canais de televisão que saem mais lucrativos. Sem gastar um tostão em promoção de eventos, os operadores garantem um quinhão de 50% das receitas (já depois dos impostos).
Se tivermos como referência o valor de um euro para cada SMS, a distribuição seria feita desta forma: operador (40 cêntimos); canal televisivo/produtor do serviço (25 cêntimos); fornecedor da solução, vulgar SMS Gateway (15 cêntimos); os restantes 20 cêntimos são para cobrir impostos.
Os operadores reclamam a maior parte do bolo um pouco pela lógica da batata, senão vejamos os argumentos apresentados: 1 – O acesso ao público é deles; 2 – Sem as suas redes, não havia envio e recepção de mensagens; 3 – Todas as transferência de dados na rede são pagos. Na verdade, os operadores estão, simplesmente, a tirar proveito de uma moda nas telecomunicações móveis. Tal como as chamadas de valor acrescentado na rede fixa (antigo 0641) renderam avultadas quantias no seu momento alto (às vezes com custos ruinosos para alguns assinantes da PT), chegou a vez das SMS virem tomar o seu lugar. E tudo porque toda a gente tem sempre a algo a dizer sobre qualquer coisa…
