SMS, uma droga legal?
Foi tanto assim que a rapariga está faz já dois meses a frequentar o «Proyeto Hombre», equivalente remoto do país vizinho ao nosso Projecto Vida, inserida no mesmo grupo dos jovens com problemas com as pastilhas, o haxixe e a cocaína. Aparentemente o vício não só é grave como deixa profundos resíduos. Os especialistas estimam mesmo o tempo de recuperação da rapariga num mínimo de doze meses. Mal por mal, observarão alguns, a dependência dos SMS faz menos mal à carteira do que os estupefaciantes e, abstraindo as tendinites e a polémica das radiações (menorizada pelo facto da digitação ser feita longe do cérebro) também menos mal à saúde. De acordo com os mesmos técnicos de recuperação o problema passa pela falta de autoestima; dificuldades de integração social e de relacionamento com a família que levam os adolescentes a buscarem nos sistemas de chat uma fuga na criação de uma ficção em que podem engendrar uma personagem de acordo com aquilo que gostavam de ser. Podemos, pois, estar perante um novo e dramático fenómeno: a alienação da juventude, enclausurada no escuro dos seus quartos, sem ver o Sol e apartada do ar fresco, evitando as relações face a face e dialogando doentiamente com os seus terminais móveis? Podem não se inserir directamente na categoria das drogas enquanto substâncias com acção directa sobre o sistema nervoso central, porém, os SMS têm indirectamente a mesma capacidade de influir pela negativa sobre a personalidade e o comportamento.