Sony Ericsson P800

O fim do telefone tal como o conhecemos.

O muito aguardado telefone da Sony Ericsson, apesar das elevadas expectativas, pode muito bem ser considerado o telefone mais avançado da indústria. A primeira tentativa da Sony Ericsson de entrada no mercado dos telefones/PDA, e o primeiro telefone com Sistema Operativo Symbian (Symbian OS) v7.0, é um verdadeiro multifunções. O canivete Suíço dos telemóveis!

Um excelente ecrã com 4,096 cores coloca-o em pé de igualdade com qualquer PocketPC, Palm ou Nokia 9200.

A evolução do, na altura inovador, Ericsson R380 é evidente. E que evolução. Tudo o que o R380 tinha de negativo desapareceu. O que tinha de positivo… evoluiu. E há tanto mais…

Como telefone, o P800 não é um telefone normal. Não só tem todas as funcionalidades que podemos esperar de qualquer telemóvel topo de gama (tribanda, GPRS, Bluetooth, menus muito funcionais, funcionalidades realmente úteis, entre muitas coisas) como tem igualmente as de um PDA. A Sony Ericsson literalmente encaixou neste telefone tudo o que nos podemos lembrar e ainda algumas surpresas adicionais.

Como PDA, tem tudo o que podemos esperar para uma utilização eficiente em casa ou no trabalho. E ainda temos software de luxo como o CommuniCam e jogos excelentes como “Men in Black II: Alien” e “Stunt Car Extreme”.

Design

O P800 tem o aspecto que se espera da Sony associado à funcionalidade da Ericsson. A combinação entre o prateado e o azul claro é mais equilibrada que no T68i. Aliás, o telefone não é muito mais largo que o T68i.

A cuidadosa distribuição dos botões fornece acesso rápido e simples às funções mais utilizadas (lista de contactos, histórico de chamadas e mensagens). Como PDA, o P800 só é comparável em tamanho ao Nokia 7650. Não é pequeno nem grande. Tem a dimensão mínima para as funcionalidades que oferece (a ficar mais pequeno, só se fosse na espessura). A navegação no PDA é feita através dos botões (pode ser feito quase tudo) ou através da caneta (stylus). A caneta encontra-se encaixada na lateral direita; totalmente enquadrada com o design do telemóvel.

A conjugação da tecla de JogDial presente em modelos anteriores Sony com as restantes teclas do telefone e com a caneta, são exemplo perfeito de bom design.

Monitor

Com um vibrante ecrã táctil de 12 bits, 4,096 cores VGA, o P800 está pelo menos ao lado dos PDAs puros do mercado. Com a tampa fechada (operando como telefone convencional), o telefone pode mostrar até 5 linhas de texto. Nada de cortar a respiração mas, funcionando perfeitamente.

Teclado

As teclas do P800 são pequenas; como em qualquer telemóvel no mercado. No entanto, para quem achar o teclado muito pequeno, o telefone funciona com a tampa aberta ou mesmo sem a respectiva tampa. Neste modo, a marcação é feita através da caneta (ou com os dedos, correndo o risco de sujar o ecrã).

A caneta em si é normal. Um pouco mais larga que uma caneta normal de um PDA mas com uma ponta suficientemente precisa.

É interessante observar que ao contrário dos PDAs existentes no mercado o P800 não tem uma cavidade para segurar a caneta. Em vez disso, esta é fixa lateralmente. A primeira impressão é que é fácil perder a caneta. Durante os testes, nunca caiu.

A resposta do P800 ao toque com a caneta é o que seria esperado. Não é excessivamente sensível mas é sensível o suficiente para não ser necessário pressionar excessivamente o ecrã.

O P800 está equipado com um jog dial com 5 funções, presente em modelos anteriores de telemóveis Sony, muito intuitiva e agradável. Rodar para cima, para baixo, puxar para trás, para a frente e pressionar. Tal como já acontecia nos anteriores modelos da marca nipónica, assim que nos habituamos, questionamos porque é que os outros telemóveis não têm jog dial. A navegação através de menus complexos torna-se simples.

A conjugação do jog dial com as restantes teclas do telefone e com a caneta, são exemplo perfeito de bom design de interfaces.

PDA

Ficámos surpreendidos com a velocidade de carregamento e execução das aplicações do P800. Ao contrário do que acontece em modelos concorrentes (e que também correm Symbian OS), o P800 é surpreendentemente rápido.

O software incluído é mais que suficiente. Para além das funcionalidades habituais de agenda, lista de contactos, tarefas e visualizador de ficheiros, oferece um player de MP3 (áudio) e mpg (vídeo). Quem estiver habituado ao PalmOS vai encontrar algumas semelhanças.

O suporte de e-mail é excelente para formatos POP e IMAP.

O software de reconhecimento de escrita, acompanhado do tradicional teclado virtual, é igualmente feliz. Ao contrário do que acontecia no passado, já não é a máquina que nos ensina a escrever. Aqui a comparação vai para o Pocket PC transcriber; somos nós que ensinamos, tal como deveria ser.

Falando de música, aplicações e vídeos é inevitável pensar na memória disponível. É aqui que entra mais um ponto a favor face a alguns modelos concorrentes. O P800, para além da memória interna de 12Mb disponibiliza uma interface memory stick.

Software adicional

Uma das vantagens do Symbian OS é a flexibilidade e facilidade de desenvolvimento aplicacional, encorajando programadores a terem-no em atenção quando desenharem aplicações para sistemas móveis topo de gama.

Procurámos algumas aplicações para o P800 e confirmámos que o Symbian OS é efectivamente um sistema levado a sério. O P800 já tem centenas de aplicações disponíveis. Como se tratava de um telefone de teste (deixamos aqui a indirecta à SonyEricsson) não comprámos nenhuma das aplicações que encontramos. No entanto, não resistimos a experimentar a versão P800 do MAME (Multiple Arcade Machine Emulator). Instalámos o P800 e alguns clássicos de arcades: PacMan, Galaxian, Space Invaders, 1941, Buble Bluble e The New Zeland Story. Muito giro ver o PacMan original a correr num telemóvel…

Bateria

O P800 faz-se acompanhar de uma bateria de polímeros de lítio de 1000 mAh. As especificações do telefone dizem que a bateria permite 13 horas de conversação e 400 horas de standby. Apesar destes valores serem muito optimistas, para um PDA/telefone com um ecrã a cores com esta qualidade, o tempo de utilização da bateria é francamente animador.

Memória


O P800, para além dos seus parcos 12Mb de memória, disponibiliza uma interface memory stick duo e um memory stick de 16Mb. É pena que não seja um memory stick convencional (já não bastava a confusão de formatos de memórias e dentro do mesmo formato… temos formatos diferentes). Se quisermos usar o P800 como leitor de MP3 precisamos de um memory stick de maior capacidade. Para já, memory stick duo só encontrámos versões de 64 e 128Mb nos modelos Magic Gate.

Interfaces e sincronização

O P800 inclui as interfaces que podemos encontrar nos telemóveis actuais (infravermelhos, cabo de série e bluetooth) e vem com um cradle USB para carregamento e sincronização.

O software incluído inclui a sincronização entre o P800 e aplicações como Microsoft Outlook, Lotus Notes e Lotus Organizer. Apenas testámos a sincronização com Outlook e em todos os testes realizados, só aqui encontrámos problemas:

– No MS Window 2000 Professional com Outlook 2002, a sincronização só ocorre com o Outlook aberto;
– No Windows XP o problema anterior não acontece;
– A sincronização não é totalmente automática, uma vez que o Outlook avisa que uma aplicação está a tentar aceder aos seus dados e pede autorização para o acesso (provavelmente algum tipo de configuração que desconhecemos ou um problema a resolver em versões futuras do software).

O modelo que testamos vinha de raiz com idioma em Inglês e Português. Mais idiomas podem ser carregados via Internet.

Conclusão


O P800 é em nossa opinião muito mais do que um telemóvel. É um objecto de desejo. Poucos telemóveis suscitaram à equipa do Telemoveis.com tamanha vontade de posse. Durante o teste que realizamos, exibimos o P800 em diversas reuniões. Nunca um telemóvel despertou tanta curiosidade e desejo. Apesar da complexidade deste modelo, não encontramos falhas significativas. No tempo de utilização o P800 teve um único crash que curiosamente explicava que tinha crashado e mostrava qual o procedimento correcto. Este é sem dúvida o telemóvel mais avançado que tivemos oportunidade de testar e resta-nos dizer que apesar das expectativas causadas pelo tempo de espera, o P800 consegue ser ainda mais do que esperávamos. Se está habituado a andar com um PDA e telemóvel atrás, então este telemóvel é para si. Se gosta de impressionar… também. Pelos preços praticados no resto da Europa, o único factor negativo será eventualmente o preço. Mesmo assim…

 

Prós

Ecrã de 12 bits com 4,096 cores
Bons jogos
PDA excelente
Autonomia da bateria
Suporte de email e Web
Software de reconhecimento de escrita
Memory stick
Comunicação
Som

Contras

Memory stick duo
Tempo de carregamento da bateria (cerca de 4 horas)
Recepção inferior a alguns modelos concorrentes
Preço
 

 

 

Vítor Magalhães