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Sony Ericsson W880i, Um modo de estar na vida

Liberdade na gestão dos MP3, design único e software inédito são as facetas do mais recente modelo da Sony Ericsson que, não desprovido de defeitos, é o telemóvel que mais respeita a individualidade do utilizador.

CARACTERÍSTICAS

Tamanho: 103 x 46.5 x 9.4 mm

Peso: 71 gr

Cores disponíveis: Steel Silver e Flame Black

Ecrã: TFT de 262.144 cores, 240×320 pixel

Memória: Memória do telefone 16 MB*, Suporte do Memory Stick Micro (M2)
*A memória livre real pode variar com a pré-configuração do telefone

Redes: GSM 900, GSM 1800, GSM 1900 e UMTS 2100

Não se preocupe muito com a chegada do iPhone, que aparecerá nas lojas (pelo menos nas norte-americanas) em junho de 2007, e que pertence a outro campeonato. O mercado tem outras ideias excitantes para oferecer, e a Primavera trouxe o Sony Ericsson W880i. É mais um telemóvel Walkman (lembrem-se de que a Sony inventou o Walkman naquele tempo em que as cassetes ainda pareciam coisas fabulosas). E não é “mais um” telemóvel Walkman. Porque, não sendo perfeito, vem mudar tudo de uma forma bastante específica. É um telemóvel para exprimir um «statement», uma afirmação, um modo de estar.

Um «statement»


O Sony Ericsson W880i (chamemos-lhe SEW880i – e atenção que aquele «i» no fim do nome do modelo é que diz tudo, mas já lá vamos) dá um passo em frente ao seu primo, o anterior 800i. Tudo pode começar pela maleabilidade do objecto. O consumidor é cada vez mais exigente no que diz respeito à interacção física com os telemóveis, bem como em relação à portabilidade. É aqui que os 9.4 milímetros de espessura e os 71 gramas de peso do SEW880i chamam a atenção, com um teclado tão gentil quanto os comandos de navegação – muito perto dos de um leitor de MP3.

O design, impressionante na elegância, vem em dois conjuntos de cor: a um a Sony Ericsson chama «Steel Silver» – prateado e denunciando «hi tech»; a outro, «Flame Black» – um laranja metalizado que sobressai nas teclas de uma frente negra, e certamente num bar da moda. O que importa nestes pormenores – que poderão parecer de somenos ao consumidor mais preocupado com as capacidades em si do terminal – é que o design obedece com vigor a um caminho que a Sony Ericsson parece ter deslindado com mais perspicácia do que a concorrência. Isto é: o invólucro da tecnologia tem de ser um espelho fiel da mesma, e tudo tem de funcionar para que o consumidor possa exercer um «statement» ao usar este telemóvel. E aqui, sem dúvida, a tecnologia é «statement».

Tudo correcto


Mas comecemos até pelo que não interessa muito. Há uma câmara de 2 megapixéis, mas não é extraordinária. Faz o trabalho com competência, vídeo ou fotografia, e inclui retardador de disparo. Traz a capacidade de organizar um blog de imagens e o zoom digital é de 2.5 vezes. Mas a qualidade da imagem deste ecrã de 262.144 cores não é de desprezar. Isso observa-se particularmente nos jogos 3D – bem mais eficazes do que noutros telemóveis.

Se falamos de imagem, passemos já para as que chegam da Internet. A conectividade é célere e os vídeos recebidos podem ser vistos no momento, não sendo preciso guardá-los. O SEW880i proporciona canais de informação RSS, usa um browser NetFront (nada de superior, mas aceitável) e, é claro, e-mail. Está lá, não podia deixar de ser, o Bluetooth, todas as facilidades da ligação USB e, certamente, a ligação à web por modem.

Depois, já se sabe, o resto, obrigatório: edição de texto automática, MMS, gravador de som, alta-voz, toques polifónicos e de MP3, agenda, calculadora, cronómetro, despertador, etc.. Sempre – e aqui é que não é demais sublinhar – correndo todo este software contra um padrão de design animado para o “desktop”. Perdão: vários padrões animados, à escolha do utilizador. É a outra camada do design sofisticado do SEW880i. Tudo bate certo, tudo é ágil e atraente. Então, onde é que está mesmo a festa?

Quem manda na música sou eu


A festa está na capacidade de decisão oferecida ao utilizador. Telemóveis com MP3 há muitos, mas poucos permitem aquilo que o MP3 tem de fundamental quando surgiu no planeta. Mais do que compressão musical, o MP3 deu por fim a liberdade de cada um organizar os seus próprios álbuns, e é isso que o SEW880i também permite.

O CD incluído traz o Software Disc2Phone: usando o computador, as faixas vão directamente do CD de música para o telefone, bastando arrastar e largar. No SEW880i cabem algumas centenas de horas. Lá dentro, com o PlayNow, procede-se então à classificação dos MP3 como muito bem se entender. Depois, há esta pequena diversão: o controlo de vibração. Explique-se: é forma mais fácil de alterar a música. Basta agitar o telefone. Com o controlo de vibração activado, prime-se sem soltar a tecla Walkman e mexe-se o pulso. Uma vibração de alerta avisa-o de que a faixa foi alterada e é escolhida aleatoriamente uma nova música da lista de reprodução, reproduzida automaticamente.

Como se não bastasse, há outro rebuçado, chamado TrackID. Funciona assim: quando está a ouvir uma canção que gosta mas não sabe como se chama, grave alguns segundos da canção e utilize a aplicação TrackID para enviar a música para a base de dados da Gracenote Mobile MusicID para reconhecimento. Em poucos segundos, recebe o nome da canção, do intérprete e do álbum. (A Gracenote, no seu site, afirma ter registadas mais de oito milhões de faixas musicais. Terá graça saber até que ponto identifica, por exemplo, a música tradicional portuguesa ou, digamos, o rock brasileiro dos anos 80..)

O resto do SEW880i são curiosidades, apenas isso, mas que não deixam de ser úteis ao utilizador que realmente faz da música o seu «statement». Falamos da aplicação MusicDJ, que oferece uma série de «samplers» para criar temas originais utilizando uma “mesa de misturas” muito simples (tem congénere no VideoDJ, onde podemos fazer montagem de vídeo e de fotos também de forma básica). E falamos também do MusicMate, este sim bem mais útil e menos objectivamente lúdico do que o MusicDJ. O MusicMate fará as delícias de qualquer músico: trata-se de uma base de dados de acordes para guitarra e piano que exemplifica visualmente onde colocar os dedos no instrumento musical, ao mesmo tempo que toca o acorde seleccionado. Um mimo.

E também faz chamadas


Parece que só falta dizer que o SEW880i, para além disto tudo, também serve para fazer telefonemas. Uma imperfeição a assinalar, no entanto: os «headphones» tocam alto e têm um som decente, mas a verdade é que, apesar da opção MegaBass, os baixos são difíceis de obter quando se mexe no equalizador (algo talvez aceitável para um aparelho destas dimensões, mas que não justifica o entusiasmo com que a Sony Ericsson anuncia o MegaBass neste aparelho).

As mais de quatro notas e meia de cem euros que o SEW880i custa colocam o telemóvel numa fasquia não especialmente acessível, quando ele tem tudo para ir parar às mãos de uma faixa etária jovem – seu potencial cliente – que não tem esse poder de compra. Mas quem disse que fazer um «statement» era coisa para todos?

João Macdonald