As telecomunicações são, de facto, um sector estratégico de qualquer economia e o novo governo teve a plena consciência disso mesmo. Aliás, com a Portugal Telecom (histórico e principal operador português) já nas mãos de privados, não fazia sentido manter uma pasta como as telecomunicações sob a alçada do Ministério das Obras Públicas e Transportes.
O novo ministro da Economia, Carlos Tavares, irá herdar alguns casos bicudos no sector das telecomunicações. O anterior elenco governativo deixou pendentes alguns assuntos delicados, não tanto a situação da golden share que o Estado detém na PT (e que “abriga” a telecom nacional de uma possível aquisição da Telefónica), mas sobretudo a questão da venda da rede fixa, que tantos problemas levantou na recta final do mandato de António Guterres.
Ainda há bem pouco tempo o presidente da Jazztel vinha a público afirmar que seria estrategicamente necessário os novos operadores de rede fixa unirem-se para fazer frente à PT e adiantou mesmo a hipótese de se lançar uma proposta ao Governo para compra da dita rede.
E se o Estado precisa de todos os tostões (um euro é um euro!) que conseguir amealhar, a venda da rede fixa é uma receita que Durão Barroso e o seu elenco governativo (principalmente Manuela Ferreira Leite, nas Finanças) não vão deixar de aproveitar.
A passagem das telecomunicações do Ministério das Obras Públicas e Transportes para o da Economia não é uma “jogada” política e muito menos de estratégia económica: neste momento é mesmo uma inevitabilidade.