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Telecomunicações : Preço trava entusiasmo dos portugueses

Os portugueses dizem-se entusiasmados com os novos produtos e serviços de telecomunicações, mas estão preocupados com os preços praticados, a segurança das transacções electrónicas e o impacte dos equipamentos na saúde, segundo um estudo hoje divulgado.

«Lisboa, 25 Out (Lusa) – Os portugueses dizem-se entusiasmados com os novos produtos e serviços de telecomunicações, mas estão preocupados com os preços praticados, a segurança das transacções electrónicas e o impacte dos equipamentos na saúde, segundo um estudo hoje divulgado. Apesar das preocupações manifestadas, a maioria dos cerca de 29 mil inquiridos pelo Instituto de Comunicações de Portugal (ICP) e pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) mostra um conhecimento deficiente dos meios de reclamação postos à sua disposição na sector das telecomunicações. O estudo sobre “as comunicações no século XXI” revela que os portugueses estão entusiasmados com os novos serviços de telecomunicações, especialmente com o correio electrónico e o acesso a informações que a terceira geração de rede móvel possibilitará. A apetência é igualmente grande em relação à possibilidade de aceder a emissões de televisão digital com melhor qualidade de som e imagem, assim como a canais e serviços interactivos em tempo real. Este entusiasmo é, no entanto, limitado pelas preocupações. Os custos dos serviços são a questão mais vezes mencionada pelos consumidores inquiridos, transformando-se, por isso, no mais importante factor que dificulta a acessibilidade às inovações tecnológicas. Tanto assim é, refere o estudo, que a maior parte das respostas aponta como modelo preferido a contratação individual dos serviços, em detrimento da adesão a pacotes de serviços ou da oferta de descontos. Sessenta por cento dos inquiridos afirmam que a vontade de aquisição de novos produtos é sempre limitada pelos preços. O custo condiciona igualmente a adesão a novos serviços, em 53 por cento dos casos, e o acesso às plataformas de televisão digital, para 67 por cento dos inquiridos. Também na Internet a redução dos preços de acesso constituiu um factor de valorização, pelo menos para 67 por cento dos entrevistados. Na área do comércio electrónico foi valorizada a comodidade e facilidade que este serviço oferece. Ainda assim, 14 por cento dos inquiridos não se mostraram receptivos à aquisição de bens pela Internet e 22 por cento não transmitiram qualquer opinião sobre o assunto. Os que não quiseram opinar são, sobretudo, indivíduos mais velhos, com escolaridade mais baixa e níveis de rendimento inferiores. Entre os que mostraram interesse no comércio electrónico, mais de metade (60 por cento) dizem-se apreensivos com a segurança nas transacções. Fonte de preocupação é, igualmente, a ausência de contacto directo com os produtos (44 por cento) e o fornecimento de dados pessoais (32 por cento). No caso das novas plataformas multimédia, como a televisão digital terrestre ou redes móveis de terceira geração, o interesse dos inquiridos encaminha-se para a possibilidade de pesquisa de informação e interacção em tempo real. Quando se fala em comunicações móveis, o interesse recai sobretudo no acesso a informações diversas (65 por cento) e ao correio electrónico (43 por cento). Toda a expectativa dos entrevistados contrasta, contudo, com o relativo desconhecimento dos meios de reclamação existentes para cada um dos serviços incluídos no inquérito: telefonia fixa, telefonia móvel, Internet e televisão. De qualquer forma, os inquiridos mostram conhecer muito melhor os meios de reclamação do serviço fixo de telefone (34 por cento) do que os meios postos à disposição para os restantes serviços. A Internet é o caso mais grave, onde apenas 8,0 por cento dos inquiridos declarou saber a quem recorrer para reclamar. A posse de televisão, telefone móvel e telefone fixo é generalizada entre o universo de pessoas entrevistadas. De um modo geral, nove em cada dez inquiridos declarou possuir estes aparelhos. O televisor é o aparelho mais popular, tanto que a generalidade das pessoas declarou ter dois ou mais televisores. Apenas 5,0 por cento dos inquiridos não têm qualquer televisão. O caso dos telemóveis é muito semelhante ao da televisão. De todos os agregados familiares analisados, apenas 11 por cento não possuem qualquer equipamento, enquanto a maior parte das famílias afirma ter dois. Em relação aos computadores, a situação é bem diferente: 56 por cento dos inquiridos declararam possuir um computador e 15 por cento dois. Porém, deste universo, apenas 40 por cento afirmam assinar o serviço de Internet. A maior parte dos cerca de 29 mil inquiridos enquadra-se num perfil de classe média, reside nos grandes centros urbanos, possui um nível de formação superior ao da escolaridade obrigatória e apresenta um consumo e acesso aos serviços de telecomunicações e de audiovisual acima da média.»