Os telemóveis transparentes são uma escolha estética interessante para representar um futuro mais “minimalista”, mas há inúmeras questões relacionadas com a ideia que merecem alguma atenção.
Em 1989, o filme “Regresso ao Futuro 2” representava o ano de 2025 como um futuro tecnologicamente avançado, com inovações como carros voadores e estações de serviço automatizadas. Algumas dessas tecnologias surpreendentes tornaram-se realidade, mas outras parecem-nos ainda distantes.
Esse fenómeno — a tentativa de “prever” tecnologias futuras — não é exclusivo do filme, sendo algo que os seres humanos fazem desde o início dos tempos. Em muitos casos, essas previsões têm base na realidade; noutros, são meros exercícios de imaginação. Hoje vamos falar de uma delas!
O tema dos tópicos abaixo será os telemóveis transparentes, que aparecem com frequência em obras de ficção científica, mas cuja utilidade é colocada em causa quando analisamos a ideia de forma mais aprofundada. Será que tecnologias deste tipo serão possíveis no futuro?
O que são os telemóveis transparentes?
Quando falamos dos chamados “telemóveis transparentes”, é importante esclarecer que não nos referimos a invólucros transparentes que permitem ver as peças no interior dos aparelhos. A ideia é um smartphone capaz de refletir aquilo que está por trás dele, como a mão que o segura.
De forma geral, um telemóvel completamente transparente é impossível com as tecnologias actuais e com o que sabemos sobre a ciência dos dispositivos electrónicos. O que existe, embora não comercialmente, são aparelhos parcialmente translúcidos, com apenas um ou outro componente nitidamente visível.
De forma geral, os esforços para tornar a ideia uma realidade são escassos, por múltiplas razões, sobre as quais falaremos mais à frente. Para que isso se tornasse realidade, seria necessário desenvolver inúmeras peças transparentes, muitas das quais têm propriedades incompatíveis.
Quais os desafios associados à criação de telemóveis transparentes?
Dando seguimento ao tópico anterior, a inviabilidade dos telemóveis transparentes não se limita ao que é possível do ponto de vista do desenvolvimento de peças, mas também aos benefícios trazidos por esse tipo de inovação. De forma muito directa, há poucos pontos positivos além da estética.
Um dispositivo transparente dificultaria a visualização do ecrã, dependendo do que estivesse por trás deste, por exemplo. A ideia também exporia o utilizador a riscos de privacidade, tendo em conta que qualquer pessoa do outro lado do ecrã seria capaz de ver o conteúdo do aparelho.
Haveria também potenciais problemas com a iluminação e a fragilidade dos materiais usados para obter tais resultados. Em suma, trata-se de uma ideia extremamente atractiva do ponto de vista estético, mas que resultaria em inúmeros problemas novos que não existem nos aparelhos actuais.
O que o futuro reserva para a aparência dos telemóveis?
Partindo do “balde de água fria” dos tópicos anteriores em relação aos telemóveis transparentes, é importante salientar que as inovações tecnológicas, especialmente as focadas em dispositivos móveis, surgem todos os dias. E, ao contrário da ideia central deste texto, elas melhoram as experiências!
Os smartphones dobráveis, por exemplo, estão cada vez mais refinados, permitindo ecrãs maiores sem descurar o aspecto “móvel” do telemóvel. O mesmo se aplica à utilização de materiais “amigos do ambiente”, que reduzem os impactos causados ao meio ambiente pelos telemóveis.
E estes são apenas alguns exemplos. Mesmo quando falamos exclusivamente do ponto de vista estético, os tipos de personalizações disponíveis para telemóveis hoje são mais abundantes do que em qualquer outra altura da história! Tudo isto leva-nos a perceber que o futuro dos telemóveis é brilhante!
Embora a ideia de telemóveis transparentes ainda esteja limitada ao campo da ficção científica, por todas as razões que referimos anteriormente, isso não significa que não possa vir a tornar-se realidade no futuro. Não num futuro próximo, mas num em que as preocupações anteriormente exploradas deixem de ser um problema.
Vale a pena terminar dizendo que nem todas as ideias tecnológicas que parecem interessantes do ponto de vista estético na ficção o seriam realmente se existissem. Em todos os casos, não podemos ignorar o papel da imaginação nos estudos científicos, e como ideias fora da caixa nos podem levar muito longe!
Imagem de Joel Tinner no Unsplash
