Telemóvel «cega» condutores

Um estudo norte-americano revelou que o campo de visão, quando se usa o telemóvel durante a condução, é tão reduzido que pode ser fatal.

“Às vezes temos de fazer estudos estúpidos para provar o que é mais do que óbvio”, referiu David Strayer, professor de psicologia da referida universidade e chefe de equipa do estudo. Strayer utilizou 20 voluntários e colocou-os num simulador de condução, usando umas vezes telemóvel e outras não. O certo é que o tempo de reacção e o estilo de condução foi monitorizado nas diferentes condições.

“As pessoas quando estão ao telemóvel demoram muito mais tempo a responder a qualquer actividade que estejam a fazer no momento. Muito mais a conduzir, o que requer concentração máxima de quem o faz. Ficam desajeitados, sem responsabilidade e imprevisíveis em situações como filas de trânsito onde o risco de acidente é enorme”, continuou David Strayer. Além disso, o estudo também revelou que não há diferença entre a utilização do telemóvel, normalmente, ou com recurso a “mãos livres”.

O mais curioso é que, inquiridos os participantes depois de realizado o estudo, alguns deles ainda disseram que se tinham sentido mais atentos à estrada, enquanto falavam ao telemóvel, do que em situações normais. “Tal como em outros estudos realizados, cerca de 90 por cento das pessoas acham-se condutores acima da média e o que se vem a provar é que 40% estão completamente errados: são péssimos condutores”, acrescentou o professor de psicologia.

Um dos exemplos onde os condutores mais falharam: muito poucos conseguiram acertar na leitura dos placards de publicidade que iam aparecendo no simulador de condução, enquanto falavam ao telemóvel. O túnel de visão que se cria, pela falta de concentração, faz com que se esteja, de facto, a olhar para um qualquer objecto ou peão na rua mas que não a observá-lo como deveria ser. O mesmo aplica-se a sinais de trânsito, luminosos, outros veículos e restantes informações periféricas. “Isto é uma variante do que se pode chamar de cegueira”, concluiu Strayer.