Imagem: Flickr/Render Cluster
Para as relações comerciais (e interpessoais) funcionarem são necessários dois elementos essenciais: compromisso & garantias.
Se uma das partes não se compromete, não podem haver garantias – e se uma das partes não oferece garantias, dificilmente se chega a um compromisso.
Isto gera um desequilíbrio.
Além disso já ninguém tem paciência para jogar na lotaria quando compra um novo produto.
Há empresas (incluindo fabricantes e operadoras) que simplesmente não se sabem relacionar com os consumidores.
A Google está a considerar intervir nesta relação, e eu acho que é uma excelente ideia.
Ou seja: as fabricantes que não atualizarem para versões mais recentes do Android passam a ser listadas pela Google (o que, a tornar-se público, beneficiaria imenso os consumidores).
Acho a ideia fantástica por dois motivos:
- Obrigaria as marcas a comprometer-se, oferecendo garantias
- Promoveria opções de compra mais inteligentes e seguras
As marcas que não oferecessem atualizações depressa seriam ultrapassadas pelas que oferecem.
Isto obrigaria as empresas/operadoras de telecomunicações a uma de duas opções:
- Atualizar o software dos seus produtos
- Sair da corrida
Ninguém sai a perder se um concorrente fraco abandonar a corrida. Já não tem muito para oferecer e, assim, é menos um mau investimento que corre o risco de fazer.
Certamente que a sua carteira não se queixaria.
A listagem também poderá incluir empresas que levam demasiado tempo a atualizar os seus dispositivos Android.
Isto vai apresentar novos desafios para as fabricantes de dimensões mais pequenas mas, enquanto consumidor, não posso deixar de me recordar da sensação de frustração que é pagar por um produto apenas para ver a empresa que o fabricou voltar atrás na sua palavra.
Afinal, não é inédito haver empresas que não cumprem o prometido – porque as empresas, como as pessoas, também mudam de ideias e de opinião.
A Google sairia a ganhar se, com isto, resolvesse o problema da fragmentação do Android.
Não vejo esta hipótese como sendo realista, pelo menos a 100%, mas acredito que uma solução destas ajudasse a atenuar este problema.
Um consumidor passaria a saber com quem contar (ou não) e a quem valeria a pena pagar para comprar um telemóvel ou tablet.
E as fabricantes que não acompanharem, bem, depressa perderiam lugar no mercado – obrigando as que por cá ficassem a prestar um serviço cada vez melhor para garantir a sua continuidade.
Isto também tornaria o Android numa plataforma mais segura e fiável.
Tudo isto, teoricamente, seria excecional.
Mas estará dependente de outras variáveis, tais como os critérios da Google para a sua listagem e da facilidade de acesso do público a essas informações.
Se for para pagar o mesmo por duas opções, prefiro a que me servir melhor. Simples e lógico.
Quem não quereria isto?