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UMTS – A Próxima Geração de Telemóveis

Saiba um pouco mais sobre o futuro dos telemóveis.

O novo milénio nos telemóveis
Porquê apareceu o UMTS e como funciona
O que permitirá o novo sistema?
UMTS em Portugal: Quando?
Como aceder a esta nova tecnologia?
UMTS e WAP: descubra as diferenças
Nem tudo são rosas…….

O UMTS (Universal Mobile TeleCommunication System) é o sistema tecnológico que será utilizado na Europa pela 3ª geração de telemóveis. Integrado num projecto de criar um “standard” que possa ser utilizado mundialmente (ao contrário da 2ª geração, cujos sistemas americano e europeu são incompatíveis), o UMTS deverá alterar a forma como os telemóveis são utilizados actualmente, ao permitir capacidades multimédia e um acesso sem limites à internet. Com os avanços tecnológicos efectuados nos últimos anos dentro da Internet e dos telemóveis, assiste-se agora a uma convergência cada vez maior entre estes dois meios de comunicação. O UMTS representará a união de ambos numa única plataforma. Também designado de 3G, ou a terceira geração de telemóveis, este sistema permitira que o utilizador possa aceder a imagens e videos, assim como acesso rápido à internet, qualidade de voz quase igual à das redes fixas e inúmeras outras funções. Este sistema deverá ultrapassar a actual segunda geração em termos de capacidade e de qualidade, permitindo o acesso a informação altamente móvel, personalizada e fácil de aceder.

O UMTS resulta da necessidade de disponibilizar uma nova geração de telemóveis devido ao aumento cada vez maior do número de utilizadores deste meio de comunicação. O sucesso do sistema GSM, dentro da Europa, levou à saturação das frequências de rádio que lhe foram originalmente atribuídas. Tal levou à necessidade de lançar uma nova geração e, através desta, ampliar o espectro electromagnético disponível assim como permitir o acesso a novos serviços. Em 1998, a International Telecommunication Union (ITU) requisitou propostas sobre qual deveria ser o sistema a utilizar na geração seguinte de telemóveis, tendo surgido uma multiplicidade de hipóteses.
Em Dezembro de 1998, as seis entidades regionais reguladoras das telecomunicações (ESTI na Europa, ARIB e TIC no Japão, ANSI nos EUA e TTA na Coreia) chegaram a um acordo denominado de Third Generation Partnership Project (3GPP), de forma a que se pudesse definir um “standard” comum a nível mundial. Apesar das exigências feitas a nível comercial e político pelos sistemas já existentes (GSM, TDMA e CDMA), foram feitos progressos importantes em 1999 sobre qual o sistema a adoptar. O resultado final proposto, denominado de IMT-2000, é baseado num padrão de 2ª geração (o CDMA, utilizado nos Estados Unidos) e possui três modos de funcionamento operacional, que deverão funcionar num ambiente GSM e IS-41 (o equivalente norte-americano). Os três sistemas são:

Sistema Região onde deverá ser aplicado
IMT DS WCDMA Japão e Europa
IMT MC Cdma2000 EUA
IMT TC UTRA TDD China

Em Janeiro deste ano, o ETSI (European Telecommunications Standards Institute) decidiu adoptar o UMTS como o novo padrão europeu nas comunicações móveis, à espera de repetir o sucesso obtido com o GSM. O UMTS será a versão europeia do IMT-2000, o “standard” adoptado pela International Telecommunication Union, o qual procura tornar-se no padrão tecnológico internacional das telecomunicações, permitindo assim o “roaming” à escala planetária. A tecnologia UMTS não será limitada às redes móveis, estando prevista a sua utilização por outras redes.
A tecnologia digital utilizada pelo UMTS é designada de WCMDA (Wide Code Multiple Division Access). Os dados são transmitidos em banda larga, sendo divididos em pacotes antes da transmissão, os quais são depois reunidos pelo terminal antes de apresentar a informação no visor.

Para além das funções básicas a que estamos habituados no nosso telemóvel, como simplesmente telefonar a alguém ou enviar/receber mensagens, o UMTS permitirá acrescentar uma nova série de caracteristícas até agora quase inacessíveis ou apenas presentes nos filmes de ficção científica. O sistema permitirá o acesso à internet a uma velocidade mais rápida que os “modems” normais, assim como a transmissão de “faxes”, imagens, videos e dados. Ao mesmo tempo que estaremos a telefonar será possível visualizar no ecrãn, em tempo real, a pessoa com quem comunicamos, caso esta também possua um telemóvel UMTS. O acesso à internet será bastante mais rápido e sem limites, podendo-se aceder a qualquer tipo de informação, em qualquer local em que nos encontremos. Informação, comércio e entretenimento multimédia estarão disponíveis nos visores, num sistema que integrará as redes de telecomunicações móveis, fixas e por satélite. Para além do “roaming” à escala mundial, o UMTS permitirá ainda a convergência dos vários tipos de redes existentes.

Segundo a Comissão Europeia, os serviços UMTS deverão possuir as seguintes características:

  • Capacidade multimédia e uma grande mobilidade
  • Acesso eficiente à internet
  • Alta velocidade
  • Portabilidade entre os vários ambientes UMTS (permitindo o acesso às redes UMTS terrestres e de satélite)
  • Compatibilidade entre o sistema GSM e o UMTS, devendo os terminais possuir “dual band” ou poderem funcionar em ambos os sistemas.

Esta nova tecnologia deverá alterar radicalmente a forma como utilizamos os telemóveis. As pessoas terão o telemóvel mais tempo diante dos olhos do que encostado ao ouvido, devido a que este passará a ser um dispositivo multimédia, como a televisão ou o computador. Ao mesmo tempo, a transmissão de dados ocupará uma parte maior do tempo de utilização do telemóvel, devido a todas as possibilidades existentes (enviar “faxes”, “emails”, etc.). A qualidade de voz será similiar à dos telefones fixos e a rapidez de transmissão de dados superior à de um modem normal, o que poderá significar que as pessoas usem apenas o telemóvel, em substituição ao telefone fixo e ao acesso à internet através do computador. E a mobilidade acrescida permitirá que se tenha todo o mundo da internet, onde quer que se esteja.

A ITU definiu os requerimentos mínimos para a mobilidade da 3ª geração como sendo os seguintes:

  • Alta: Ligações de 144 Kbps quando o utilizador estiver a viajar a mais de 120 Km/h no exterior, em ambientes rurais.
  • Total: 386 Kbps para peões que se estejam a deslocar a menos de 120 Km/h no exterior, em ambientes citadinos.
  • Limitada: pelo menos 2 Mb com o utilizador a movimentar-se a menos de 10 Km/h, dentro de um edifício.

No dia 17 de Maio, o ministro do Equipamento, Jorge Coelho, anunciou que o concurso público para a atribuição das licenças de UTMS terá início no dia dois de Agosto, com a divulgação dos requerimentos. As propostas das operadoras interessadas deverão ser entregues até dia 29 de Setembro. A avaliação das candidaturas decorrerá até 29 de Dezembro , altura em que serão anunciados os vencedores do concurso, os quais terão uma licença válida por 15 anos. A partir do início de 2002 as operadoras licenciadas deverão disponibilizar o novo serviço à medida que procederem à instalação da nova rede. Os regulamentos do concurso estipulam que cada operadora de UMTS possua uma taxa de cobertura da população nacional de até 20 por cento no fim do primeiro ano de vigência de licença, 40 por cento no final do terceiro e 60 por cento no final do quinto ano. A concurso encontram-se 2×15 MHz de espectro emparelhado nas faixas 1920-1980 Mhz / 2110 – 2170 Mhz e 5 Mhz de especto não emparelhado na faixa 1900-1920 Mhz, para cada uma das licenças.

Apesar das três operadoras actuais da rede móvel não obterem automaticamente uma licença, o regulamento do concurso dá prioridade às candidaturas que incluam o fornecimento de “roaming” entre os sistemas de segunda e terceira geração. Esta condição implicará a atribuição de licenças às operadoras actuais de rede móvel que se candidatem, visto serem as únicas com capacidade para assegurar o “roaming” entre as duas redes.  Uma quarta licença encontrar-se-á disponível, possibilitando que uma operadora nacional e/ou internacional possa entrar dentro do mercado de telemóveis. A Oni, a Maxitel e a Jazztel já anunciaram a sua intenção de concorrerem à atribuição desta nova licença. Ao todo, o Governo estima que cerca de mil milhões de contos serão investidos nos próximos dois anos, devido à atribuição das licenças de UTMS e outros investimentos em telecomunicações.

Suponha que se encontra já no ano 2002. O que precisará para poder ter acesso ao sistema UMTS? Apesar do sistema ainda não estar totalmente desenvolvido nem implementado, já é possível ter uma ideia dos requisitos necessários para operar com o novo sistema:

-Ter um telemóvel ou outro terminal que suporte a tecnologia UMTS
-Existir um operador que forneça/suporte o serviço UMTS
-Ter o telemóvel configurado para aceder ao serviço UMTS
-Saber como receber/transmitir informações usando o modelo específico do telemóvel
-Por último e não menos importante, que tudo isto não se torne excessivamente caro

Á primeira vista pode parecer muito fácil, mas ainda existem uma série de questões e dúvidas para as quais ainda não existe resposta.

UMTS versus WAP: descubra as diferenças

O WAP é um sistema de que permite o acesso à Internet a partir de um telemóvel. Contudo este acesso é bastante limitado em função dos telemóveis equipados com WAP apenas poderem aceder a páginas escritas em WML, uma linguagem que, por agora, apenas permite texto e dados. Isto significa que as páginas escritas em HTML, a linguagem utilizada na World Wide Web não podem ser acedidas através do WAP, estando os seus utilizadores dependentes do desenvolvimento de conteúdos próprios.
O UMTS trará múltiplas vantagens sobre o WAP. A velocidade de transferência de dados num telemóvel GSM normal é na ordem dos 9 kilobites por segundo. O UMTS permitirá um acesso mínimo de 144 kilobites por segundo, podendo atingir até os 2 megabites. Para além disso toda a informação e serviços existentes na Internet poderão ser acedidos num telemóvel UMTS, permitindo fazer “downloads” de imagens, sons, etc., assim como outras funções.

Apesar de todo o entusiasmo em relação ao UMTS, esta tecnologia ainda se encontra em fase de desenvolvimento e testes e ainda não está completamente homolgada. Dentro da Europa, Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Espanha, para além de Portugal, foram os únicos países que adoptaram o padrão UMTS até agora. A nível mundial, o Japão será o primeiro país a lançar este sistema em 2001, sendo de observar como decorrerá essa experiência.
Para além disso, será ainda necessário que os operadores de redes móveis se sintam motivados financeiramente para lançar este novo serviço, para o qual serão necessários investimentos avultados, assim como que haja um número suficiente de consumidores que torne o investimento viável.
Apesar de não estar ainda definido o destino dos telemóveis actuais quando surgir o UMTS, o mais certo é que os utilizadores que desejem ter acesso ao novo serviço tenham de adquirir telemóveis novos, compatíveis com o UMTS, da mesma forma de quando apareceu o WAP. E a própria tecnologia WAP pode fazer concorrência ao UMTS, no sentido que cada vez mais as suas capacidades aumentam.
Ao mesmo tempo, as velhas disputas entre a Europa e os Estados Unidos reacendem-se sobre qual a tecnologia que deve ser utilizada nos telemóveis de terceira geração. Os Estados Unidos pretendem utilizar o padrão CDMA2000 e acusam a União Europeia de favorecer as fabricantes Nokia e a Ericsson, ao adoptar o padrão UMTS. O que poderá significar que, caso não haja acordo, as tecnologias utilizadas por cada uma das partes sejam distintas, à semelhança do que acontece actualmente.
Por fim, será necessário que exista uma convergência entre operadores de telecomunicações, tecnologia, informação e conteúdos, de forma a que todas as potencialidades do sistema possam ser aproveitadas.
Apesar de todas as dúvidas, a associação UMTS-Forum, que engloba fabricantes e operadores de telecomunicações, assim como outras entidades, estima no final da presente década cerca de 2 biliões de utilizadores estejam a utilizar esta nova tecnologia.

André Galvão