UMTS: Governo conta com «serviços de cidadania» dos operadores para facilitar o m-Governing
- Telemoveis.com
- 03/05/2001
- Internet, Tecnologia
Os operadores nacionais licenciados para operar as comunicações móveis de terceira geração estiveram hoje presentes na conferência «Estado Aberto: e-Government e m-Governmet» , integrada no evento Multimedia XXI, onde apresentaram as suas preocupações «sociais». Na senda da polémica expectativa do governo de que os preços a praticar estejam na razão directa do baixo valor pago pelas licenças podia esperar-se acessa troca de argumentos. Entre operadores e governo, no entanto, o clima parece ser conciliatório.
A conferência, «Multimedia XXI – Plataformas da Economia Digital», repartida num conjunto de quatro painéis ao longo do dia, foi inaugurada de manhã com a presença do ministro Ferro Rodrigues. Como mots de guerre do governo, o ministro do Equipamento Social fez questão de mencionar o objectivo de ter todos os formulários oficiais na internet em 2002 e todos os serviços públicos presentes na WWW em 2005.
Esta tónica dominou também as intervenções do segundo debate da manhã, consagrado ao e-Governing e ao m-Governing, por parte dos oradores da Fundação para a Computação Científica Nacional e do Observatório da Ciência e Tecnologia. Resultou evidente que o governo conta com o UMTS e a cumplicidade dos operadores como um dos motores dos seu projecto alargado para a «Sociedade da Informação».
No tocante aos tarifários, saliente-se a resposta evasiva dos representantes das quatro operadoras licenciadas para operar as redes UMTS (Telecel, Oniway, TMN e Optimus) face à invectiva que lhes foi lançada de explicarem qual a sua estratégia em relação ao que o governo entende ser a sua obrigação de corresponder com «serviços de cidadania» (leia-se: com preços baixos) como retribuição à concessão das licenças por preços irrisórios comparativamente ao verificado no estrangeiro.
Em matéria de valores a cobrar os quatro operadores limitarem-se a professar a sua fé no mercado e na concorrência como factor desagravante. A Onyway, pela boca de Joaquim Santos, deixou antever a possibilidade de lançar flat rates no uso do UMTS, enquanto Henrique Correia da Telecel foi liminar na afirmação de que ainda não faz ideia segura da modalidade tarifária a aplicar: se flat rate, se de acordo com o volume de dados ou, menos provável, o tempo de uso.
No tocante às estratégias que os operadores de UMTS entendem dever desenvolver para ir de encontro às preocupações do governo e do «mobile Governing» (disponibiização de serviços públicos nos terminais móveis) em particular os operadores estudaram aparentemente as mesmas cartilhas: a Telecel está a arrancar com uma Fundação, enquanto a Onyway manifesta intenção de lhe seguir a breve trecho os passos.
Os operadores convergem ainda na necessidade de criar sistemas de incentivo à produção de conteúdos e de unidades de incubação de empresas na área.
A TMN, por seu lado, pela voz de Jorge Aleluia prefere centrar a tónica da sua estratégia na necessidade de alterar os hábitos sociológicos da população e leva-la a deixar de ver os dispositivos de telefonia móvel como mero aparato de comunicação de voz e SMS.
Augusto Azevedo, da Optimus declarou achar normal o atraso na disponibilização de terminais e amadurecimento dos protocolos do UMTS, recordando que o próprio GSM sofreu, no seu início, cerca de ano e meio de atraso face aos prazos inicialmente apontados.
O futuro glorioso do UMTS, na vertente «serviços de cidadania» deverá ainda passar, segundo compromisso dos operadores aquando do concurso para a atribuição de licenças, pela oferta a preços especiais para dadas faixas de clientes socialmente desfavorecidos – o que não deixa de ter um elemento de utopia e conveniência, atendendo a que se trata, também, da faixa mais improvável de manifestar interesse pela utilização dos serviços UMTS. Já no tocante aos deficientes, as possibilidades são muitas e interessantes.
Recorde-se que o evento Multimedia XXI principiou hoje no pavilhão na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa, onde decorrerá até Domingo, dia 6. A edição de 2001 é subordinada ao tema “As Plataformas da Economia Digital”.
A organização do Multimedia XXI, a cargo da APDC e da ExpoLíder, mantém, na senda das realizações anteriores, uma estrutura quadripartida com a realização paralela de uma ciclo diário conferências e workshops; a atribuição dos prêmios Multimedia XXI; um Festival; e a Exposição propriamente dita que decorrerá todos os dias e reúne cerca de quatro dezenas de expositores – produtores de conteúdos na área das novas tecnologias.
Hugo Valentim