No fundo, o projecto não será mais do que criar sinergias entre as maiores operadoras europeias de telecomunicações móveis, criando e desenvolvendo estratégias comerciais conjuntas com um único objectivo: dar corpo a um bloco comercial alternativo ao que a Vodafone tem estado a oferecer na Europa, a partir do momento em que uniformizou as suas subsidiárias na Europa, onde está incluída a portuguesa Telecel, já detida pela Vodafone britânica em 95%.
A «macro-aliança», como já foi denominada, contaria com a união de esforços das filiais móveis da Telecom Itália (TIM), da Deutsche Telekom (T-Mobile), da France Telecom (Orange) e da Telefónica (Telefónica Moviles). Na sua edição de hoje, o “Semanário” adianta a Portugal Telecom (através da TMN) como possível parceira no projecto, o que a acontecer ligaria as maiores operadoras europeias não só ao nível de serviços, como ao nível de partilha de tecnologias.
Cada uma das operadoras é líder indiscutível nos seus próprios mercados internos, mas a estratégia de internacionalização levada a cabo pelo CEO da Vodafone, Sir Christopher Gent, conseguiu superar a questão interna e determinou a Vodafone como líder incontestado de um «suposto» mercado europeu. Assim, só mesmo a união de todas as operadoras é que poderia terminar com a supremacia europeia da Vodafone. E de forma clara, senão vejamos: em Itália, a TIM tem 24,3 milhões de clientes contra 18,2 da Vodafone Omnitel; na Alemanha, a T-Mobile tem 24,7 milhões contra 21,07 da Vodafone; em Espanha, a Telefónica tem 18 milhões de clientes contra os 8 milhões da Vodafone; em França a Orange tem 18,26 milhões contra 18,18 da SFR – parcialmente detida pela Vodafone; mesmo até no próprio Reino Unido, onde a operadora que patrocina o Manchester United joga em casa, a Orange contabiliza 13,36 milhões de clientes contra 12,1 milhões.
Na proporção, o mercado português regista os 4,03 milhões da TMN contra os 2,98 milhões da Telecel. Acontece é que na projecção internacional e no reconhecimento das marcas, a uniformização da Vodafone no Velho Continente deu uma enorme vantagem à restante concorrência que, ao que tudo indica, está agora a tentar recuperar o tempo perdido. Mas tudo sob o olhar atento da União Europeia, já que Bruxelas confessou-se atenta ao facto de tal aliança poder significar uma alteração de tarifário para os utilizadores.