UTAD testa inovadora bengala electrónica para invisuais
Vai ser testado um sistema de visão artificial e uma bengala electrónica que dá informações de contexto e de suporte à navegação.
Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência da Universidade do Porto (INESC TEC) desenvolveram uma inovadora bengala electrónica para invisuais. Os testes decorrem na UTAD na próxima segunda-feira, dia 19 de Fevereiro.
Para funcionar a bengala precisa de comunicar com uma aplicação de navegação para smartphones que também permite localizar o utilizador. No punho, impresso em 3D, está toda a componente electrónica. O acessório tem um leitor de etiquetas de radiofrequência (RFID) e uma antena que permite localizar o portador. A interacção com a aplicação dá-se através de um joystick implementado na bengala, que comunica com o smartphone por Bluetooth. Adicionalmente inclui um emissor de sinais sonoros e um actuador háptico que emite vibrações de diferentes durações e frequências.
A aplicação obtém a localização do utilizador através de GPS, WiFi ou visão por computador, entre outras tecnologias. A app também armazena informação geográfica relevante, que inclui mapas desenvolvidos pelos investigadores numa plataforma própria, calcula rotas ou alerta o utilizador para pontos de interesse nas suas proximidades. A interacção com a app é suportada em áudio (text to speech) ou por via háptica (bengala).
Nesta fase do projecto é essencial fazermos testes com invisuais, porque há por vezes pequenos detalhes que enquanto visuais não conseguimos perceber. Foi, nesse sentido, que a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) se juntou a nós na organização destas demonstrações, explica João Barroso, investigador do INESC TEC e docente na UTAD. No futuro, espera-se que qualquer utilizador consiga configurar o nível de informação que pretende obter através do sistema, sendo que a qualidade e a quantidade são fatores de extrema relevância. Não chega dizer se existem ou não escadas num determinado edifício, é preciso informar a pessoa quantos degraus tem a escada, se existe ou não um corrimão, entre outros.
Segundo o INESC TEC em comunicado de imprensa, produzir uma bengala destas custa cerca de 300 euros, de forma isolada e em termos de componentes adicionadas. “O custo desta bengala que desenvolvemos é relativamente baixo se compararmos com outras bengalas para cegos que são muito mais limitadas nas suas funcionalidades”. E acrescenta: “no entanto, é necessário ter em conta que a bengala não funciona sozinha e a implementação do sistema envolve outros custos que, em teoria, caem sobre os instaladores, e não sobre o utilizador“, continua.
A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) reconheceu este projeto com o Prémio Inclusão e Literacia Digital 2015, no valor de 29 mil euros. As demonstrações que agora estão a ser feitas surgem na sequência deste reconhecimento.