O analista de sistemas que criou os vírus direccionados para a plataforma Symbian de telemóveis disse, em entrevista ao IDG Now!, que não se considera uma pessoa perigosa e defende ter lançado os ataques com o objectivo de difundir informação. Ao criar o vírus, no início de Janeiro, «a minha intenção era estudar o vírus e disponibilizar informações, não criar um vírus que prejudicasse alguém», declarou Marcos Velasco, afirmando que «o resultado foi maior do que esperava. Não imaginava que ele ia causar tanto furor».
Recordando que é possível procurar a expressão «source code» na Internet e encontrar várias maneiras de se criar um vírus, Velasco compara os vírus às armas de fogo: «As armas de fogo são vendidas em algumas lojas e podem ser usadas para matar. Por outro lado, elas podem ser boas para se defender ou para participar de campeonatos de tiro. Tudo tem o seu lado bom e o seu lado mau». Assim, justifica que «eu, como estudioso do assunto, penso que vírus são os programas mais bem feitos na informática. Para criar vírus tem que ter conhecimento dos formatos dos arquivos, tem que se ser bem experiente, isso não é o que qualquer um que faz. Eu trabalho em desenvolvimento e tenho esses conhecimentos».
Quanto à acusação do especialista da F-Secure, que afirmou «New York Times» considerar o brasileiro uma pessoa perigosa, defende-se: «As pessoas que me conhecem sabem que eu quero demonstrar informação. Eu não me considero uma pessoa perigosa». E sublinha com a recordação de ter anteriormente (em 2002) criado um vírus para computador, o W32.Mark.919, que actuava apenas para se espalhar e «não prejudicava ninguém. Eu não gosto de vírus que prejudiquem as pessoas».
Por outro lado, Marcos Velasco acredita que a justiça não conseguirá agir contra si porque «as leis brasileiras ainda estão engatinhando» e porque disponibilizou o anti-vírus juntamente com o vírus. E garante: «Pretendo comprar um telemóvel com Windows Mobile, que é mais fácil de programar. Pretendo também estudar mais sobre segurança e não largar esta área de vírus, posso continuar estudando algo nesse respeito».
