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Vodafone: Gent de saída em Julho de 2003

O patrão da britânica Vodafone anunciou que vai deixar o cargo máximo da empresa em Julho de 2003.

Sir Christopher Gent, que entrou na Vodafone em 1997, será substituído no cargo pelo CEO da norte-americana Accel Telecom, Arun Sarin,  e que já desempenha funções não executivos no operador britânico. Fica, assim, resolvida uma questão que estava a criar algumas dores de cabeça aos investidores da empresa, desde que vieram a público rumores que Gent estaria a preparar a sua sucessão, para poder abandonar as suas funções.

Apesar de tudo ter decorrido em processo normal, as acções da portuguesa Vodafone/Telecel caíram, ainda ontem, cerca de 2% como reacção à notícia ontem veiculada pela imprensa do Reino Unido.

O ainda presidente da Vodafone ficará como consultor, de Julho até ao final de 2003, e segundo fontes da empresa, citadas pela BBC, Gent não sofreu qualquer tipo de pressão para deixar a liderança da Vodafone. O que, segundo alguns analistas da área das telecomunicações, torna a saída ainda mais enigmática.

“Ele é o líder de uma das maiores companhias do mundo inteiro, goza de uma credibilidade no mercado invejável e os resultados da Vodafone estão de óptima saúde, porque será que quer abdicar da sua posição quando tudo corre tão bem? Será que ele sabe alguma coisa que nós não sabemos?”, questiona Damien Maltarp, especialista em telecoms do Banc of America.

A estratégia de aquisições montada por Gent, que conheceu o ponto alto na compra do grupo alemão Mannesmann, em 2000, fez da Vodafone o maior império de telecomunicações de todo o mundo. No entanto, o seu percurso não teve só vitórias e a mais pesada poderá ter acontecido há muito pouco tempo, quando a Vodafone perdeu a luta com a Vivendi pelo controlo da Cegetel, que comando o segundo maior operador móvel francês, a SFR.

O segredo do sucesso de Christopher Gent foi ter negociado, quase sempre, nas aquisições da Vodafone com acções da própria companhia britânica, ao invés do que é habitual, isto é, em dinheiro. Aliás, foi precisamente por isso que os rivais France Telecom, Deutsche Telekom e British Telecom entraram numa espiral de dívidas que ainda hoje tentam minimizar os estragos das facturas que têm para pagar, relativos às aquisições que fizeram.

Mas a Vodafone ainda tem um enorme desafio pela frente e o seu sucessor não terá tarefa fácil. É que o valor das acções caíram cerca de dois terços nos últimos três anos, pelo que a pressão, agora, é para reduzir a dívida e lançar a nova geração tecnológica nas comunicações móveis.