Vodafone Live: todos os detalhes sobre o serviço a lançar entre nós já este fim-de-semana
- Alexandre Talhinhas
- 06/11/2002
- Internet, Mobile, Tecnologia

Concebido com forte contributo do know how acumulado pela J-Phone, segundo operador no mercado japonês, controlado pelo grupo britânico, o Vodafone Live tem a virtude de reunir um conjunto de serviços que constituem um «pot pourri» das melhores aplicações conhecidas até agora: ampla exploração da tecnologia Java, sobretudo para jogos, com dezenas à opção e a respectiva possibilidade de descarga via GPRS incluindo a exploração da polifonia e das capacidades vibratórias dos telefones para «efeitos especiais» (e.g., num jogo tipo «Arcade» como o «Stormy Sight» que vem de raiz com o GX10, a explosão de naves) e a possibilidade de, em breve, jogar em linha com outros detentores de terminais móveis; a geo-referência, isto é o recurso à rede GSM para localização imediata do utilizador no território nacional permitindo-lhe assim conhecer quais os estabelecimentos comerciais de uma índole especifica que lhe estão mais próximos (por ex. farmácias de serviço); integração dos serviços de messaging; email com a oferta automática de um endereço ao estilo oseunúmero@vodafone.pt a todos os clientes; facilidade de envio de MMS para terminais que não suportem o serviço, os quais passarão a receber um SMS com indicação do localização onde os utilizadores poderão, através da Internet, aceder ao conteúdo etc, etc…
Ao todo o Vodafone Live será imediatamente disponibilizado em seis países: Alemanha, Reino Unido, Itália, Holanda, Espanha e Portugal. No final do primeiro trimestre de 2003, os serviços, concebidos sob uma mesma plataforma tecnológica global mas adaptados localmente com parcerias de conteúdos que no caso português incluem, de acordo com o revelado, 29 já firmadas mais 33 «em carteira», deverão ser extensíveis a todos os países onde o grupo Vodadone opera.
Com o Live a aposta da Vodafone foi especialmente forte a nível das facilidades de utilização com a simplificação máxima do uso, «reduzindo» a oferta de serviços do Portal à navegação mediante oito grandes ícones de acesso disponíveis no visor do telefone: «Novidades», «Comunicar», «Top», «Toques e Imagens», «Jogos», «Menu» (com uma lista detalhada de serviços), «My Vodafone» (página de personalização, incluindo para auto-controlo do cliente o registo de todas as transacções feitas) e um inovador motor de Pesquisa por palavra-chave.
Num primeiro embate com o portal Vodafone Live o cliente dar-se-á assim conta de serviços que incluem uma oferta superior a um milhar de melodias, muitas delas polifónicas, incluindo os maiores sucessos do momento; imagens animadas para utilização quer no MMS quer no email e na personalização do telefone; a possibilidade de acesso e consulta dos dicionários da Porto Editora online; múltiplos serviços informativos e noticiosos (O Record, a TVI/Endemol, produtora do popular concurso Big Brother, o canal MTV e a Fnac, por exemplo, encontram-se entre os parceiros…) ; passando por serviços ditos «eróticos», com um álbum de fotos em linha; pela secção «Amor&Sorte» em que lhe é permitido dialogar, conhecer e relacionar-se com outros utilizadores à procura de parceiro, para dar apenas alguns exemplos.
De notar ainda o «Álbum Multimédia»; a oferta por telefone do espaço de 1 MB nos servidores da Vodafone, permitindo ao utilizador arquivar a sua informação; postais multimédia; toques e imagens etc… para posterior utilização e, vocacionalmente, para a partilha com os seus familiares e amigos.
Disponível está ainda a possibilidade de upgrade, mediante custo adicional de assinatura, para o sistema de «Unified Messaging» que, nomeadamente, facilitará a audição de emails no telefone mediante uma voz feminina computorizada que sintetiza o texto e, em contrapartida, dá acesso por voz num PC e na Internet ao «Voice mail.»
Note-se que, à semelhança das facilidades oferecidas pelo popular serviço Hotmail, o Vodafone Live facilita o acesso a qualquer conta de email pré-existente que suporte o protocolo Pop3.
Numa fase inicial a Vodafone vai apostar em três modelos para o lançamento do serviço Vodafone Live: o Sharp GX10 (a rever brevemente pelo Telemoveis.com, actualmente na posse de um), desenvolvido em colaboração especial com o fabricante, o Panasonic GD 87 e o Nokia 7650.
O operador assegura porém a compatibilidade com qualquer terminal que obedeça aos seguintes requisitos: câmara incorporada; visor colorido com um mínimo de 4096 cores; GPRS; MMS e Polifonia.
De fora fica, portanto, o terminal SonyEricsson T68i, segundo foi revelado ao Telemoveis.com pelo eng. António Coimbra da Vodafone, pela não integração de câmara (disponível apenas como acessório na forma da série Communicam) e, sobretudo, por estar dotado de um visor capaz de apenas 256 cores. O modelo P800 da marca nipo-sueca, esperado para o início de 2003, deverá no entanto ser já compatível com o serviço bem como os anunciados novos modelos Nokia que deverão debutar na mesma altura.
A nível de terminais, a Vodafone promete alargar a prazo, de forma progressiva, a oferta em função do que for lançado pelas diferentes marcas: Samsung, LG e outras.
O cliente que adquirir nas próximas semanas um dos pacotes com o serviço «Vodafone Life» receberá os modelos perfeitamente adaptados a nível de software para um acesso optimizado. Porém, garante-se que quem já detenha um Nokia 7650 o poderá utilizar sem necessidade de qualquer «conversão» especial, bastando para esse efeito conhecer o URL de acesso ao portal.
O eng. Coimbra reconhece no entanto que, neste caso, para os detentores de modelos Nokia 7650 das primeiras levas, poderá ser proveitoso fazer opcionalmente um upgrade do software, com um custo de cerca de 10 euros, nos centros de assistência da marca, uma vez que poderão sugerir pequenas discrepâncias (por ex., na aparência dos ícones) que têm sobretudo que ver com a anterioridade das versões do software Java corridas pelos terminais.
O serviço Vodafone Live não terá quaisquer custos de adesão, estando igualmente acessível aos clientes do operador com pacotes de assinatura, em cujo caso os serviços serão creditados na factura mensal, ou de planos de recarga, situação em que, antes de aceder aos serviços, o sistema verifica o saldo do cartão.
Em qualquer caso, antes de aceder a serviços pagos o cliente recebe invariavelmente no visor do telefone a indicação do valor que se lhe será cobrar pelo seu usufruto, devendo confirmar se deseja continuar.
Ao valor específico de cada serviço acresce ainda o valor do tráfego gerado. Assim, por exemplo, ao adquirir um jogo que custe 2,5 euros, o cliente pagará ainda o volume do tráfego correspondente (estimado entre 30 e 60 KB consoante a aplicação), o que deverá elevar o preço para cerca de 3 euros.
Porém, a título promocional, até 31 de Dezembro de 2002 o tráfego associado à navegação dentro do portal é gratuito, isto é não se paga nada pela navegação apenas pelo usufruto concreto dos serviços. Após 1 de Janeiro de 2003 o custo associado ao tráfego será de 0,015 euros (IVA incluído) por KB.
Ao tráfego acrescem oito categorias de preços consoante os conteúdos. Para os primeiros três escalões os custos variam entre os 15 cêntimos para aceder à informação geo-referenciada sobre a farmácia de serviço mais próxima e os 25 e 50 cêntimos para determinado tipo de alertas e informação.
Por seu lado, entre um euro e 1,5 euros é o que o cliente Vodafone pode esperar pagar pelo serviço de toques e melodias, orçando os toques polifónicas no topo da escala, em 1,5 euros.
Os jogos custarão entre 2 e 3 euros por descarga. Naturalmente, uma vez no telefone, podem ser usados tantas as vezes quantas as desejadas. No caso de sons e imagens o cliente tem ainda a possibilidade de os guardar no 1 MB de espaço disponível nos servidores da Vodafone e acessível no ambiente de trabalho do telefone na forma de «Ambiente Multimédia.»
As mensagens MMS na Vodafone continuarão a custar 39 cêntimos para uma dimensão máxima de 30 Kb. A óptica do operador é que o MMS não deverá canibalizar o SMS.
«O SMS é uma comunicação pessoa a pessoa, muito rápida, intuitiva, não intrusiva, que continua a ter o seu mercado. O MMS está muito mais ligado ao divertimento. Não estamos à espera que as pessoas mandem 10 MMS por dia quando mandam 10 SMS e o nível de preço também está ajustado para isso», explicou-nos o eng. Coimbra que, no entanto, admite que em função do progressivo aumento do volume de uso, a médio prazo, o valor das mensagens multimédia venha a baixar.
Quanto ao preço dos terminais, a Vodafone Telecel continua pouco interessada na subsidiação. Enquanto no Reino Unido, por exemplo, o Sharp GX 10 será vendido por 199 libras para os pacotes de assinatura e a 349 euros para os pré-pagos, em Portugal o preço deverá orçar os 499 euros, incluindo 45 de chamadas.
«A factura média de um cliente dá-nos 28 euros, o consumo médio dos clientes pré-pagos anda nos 15 euros por mês. Se fossemos subsidiar, e ao invés de vender o terminal pelos 500 euros o vende-se por 200 euros, como lá fora, onde é que eu recuperaria os 300 euros que estava a dar ao cliente?», desculpa-se o mesmo responsável. Assim sendo, e por ora, apenas os clientes empresariais, mediante o compromisso de elevado consumo mensal, continuarão a beneficiar mais seriamente da subsidiação.
Para os menos escrupulosos – como o próprio operador admite – o problema da ««importação» fraudulenta continuará assim a colocar-se.
Num momento em que se estimam em cerca de 2900 milhões de euros as receitas dos serviços móveis em Portugal no decurso de 2002 e que a empresa logra um ARPU de cerca de 28 euros, a Vodafone está a contar com o incremento do sector dos dados por forma a lograr um crescimento na casa dos 6 a 8 porcento ao ano.
António Carrapatoso, presidente da Vodafone Telecel, espera ter dez porcento dos clientes da sua operadora (equivalentes a cerca de 300 mil pessoas) a utilizar o Vodafone Live no início de 2004. De acordo com a experiência, esta é a porcentagem a partir da qual a massa crítica tente a gerar um processo de crescimento e adesão exponenciais.
Ou seja, e mediante o crescente atraso do UMTS, o grupo Vodafone continua a apostar em habituar imediatamente os utilizadores a utilizar determinado tipo de serviços obsoletizando a ideia outrora feita de que seria o arranque das redes de terceira geração por si só a espoletar e a coincidir com o surgimento de uma plêiade de novos serviços.
Estes estão em boa parte desde já disponíveis fazendo com que a posterior migração de redes surga meramente como uma necessidade de aumentar a largura de banda, especialmente para a disponibilização de serviços de «live streaming», isto é de vídeo em movimento e tempo real. Esta capacidade já é teoricamente suportada pelos telefones oferecidos com o Live, porém ainda com grandes limitações que se prendem com a insuficiência de memória para correr tanto o software necessário como para armazenar os ficheiros.
A aposta nos serviços de «não voz» trás ainda a expectativa de – ao inverso do flop comparativo do WAP face ao I-Mode – conseguir desta feita, conjugando o melhor da tecnologia japonesa com a superior largura de banda do já generalizado GPRS europeu (no Japão os serviços tendem ainda a funcionar sobre velocidades de apenas 9.6 Kbps) de a Europa vir a deitar cartas a nível mundial.
É ainda de notar que o portal Vodafone Live será incluindo num espaço distinto da página da Vodafone, marcando assim também algum distanciamento face à aparente estratégia anterior do grupo, mais ligada à Vizzavi.
Neste instante a página nacional da Vodafone já disponibiliza informação sobre o conceito Live aqui.