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Xiaomi: uma ilustre desconhecida com muito para ensinar à Google e à Apple

A Xiaomi é uma fabricante de smartphones bastante popular na China, sua terra Natal, mas de relativo baixo perfil nos mercados europeu e norte-americano

Xiaomi: uma ilustre desconhecida com muito para ensinar à Apple e à Google

Xiaomi Red Rice

É provável que o nome Xiaomi ainda lhe seja relativamente desconhecido. Se não for, existem três hipóteses para tal: ou é conhecedor do mercado chinês, de onde a Xiaomi é originária; ou já ouviu falar das fantásticas especificações técnicas destes smartphones aliadas a preços absurdamente baixos; ou, mais recentemente, ouviu falar da mais recente adição aos quadros da empresa.

Eis os pontos a ter em conta: a Xiaomi tem apenas três anos dentro do segmento dos smartphones, mas já é uma gigante dentro do sector, ainda que isso não se traduza em popularidade em mercados-chave como a Europa ou os EUA – mas será isso realmente necessário, sendo a China o maior mercado do mundo?

A empresa chinesa é liderada por Lei Jun, um empreendedor conhecido por imitar o falecido CEO e co-fundador da Apple – Steve Jobs – durante as suas introduções de produtos, e conseguiu vender 7 milhões de smartphones em 2012, estando avaliada em 10 mil milhões de dólares, ou o equivalente  a 7.5 mil milhões de euros. E é ambiciosa: a empresa espera conseguir vender 15 milhões de smartphones até ao final de 2013.

Xiaomi: uma ilustre desconhecida com muito para ensinar à Google e à Apple

Lei Jun

Muito, por muito pouco

O Xiaomi Red Rice é o mais recente smartphone da empresa e disponibiliza um processador quad-core aliado a um ecrã HD (720p) de 4.7 polegadas que custa o equivalente a quase 100 euros [nota editorial: embora equivalentes, muito provavelmente no mercado português sofreriam uma inflacção para valores entre os €150 a €200, ainda assim acessíveis] , ou $130. Disponibiliza ainda uma interface Android personalizada – a MIUI – que disponibiliza para instalação em modelos de outras fabricantes.

A Xiaomi detém actualmente uma quota de mercado de 5% na China, tendo inclusive ultrapassado a Apple (4.8%) no início do mês passado.

A Xiaomi é popular entre os seus fãs

Qualquer empresa, seja ela fabricante de smartphones ou não, gaba-se de ouvir os seus fãs. Mas provavelmente não da mesma forma que a Xiaomi. Um dos formatos mais interessantes que a empresa tem para recolher feedback e poder implementar melhorias nos seus produtos está relacionado com a recolha de ideias para poder melhorar a sua própria interface Android – daí resultarem em actualizações praticamente todas as semanas. E os clientes agradecem.

“O Taiwan tem algumas pessoas que não acreditam que possamos vender os nossos telefones. Mas eu referi que se vendesse apenas um telefone que eu seria bem sucedido. Se uma pessoa o utilizar, então essa pessoa irá participar, e os seus amigos também”, terá referido o director-executivo da Xiaomi numa entrevista recente à ComputerWorld.

Algumas das contribuições mais significativas para a interface MIUI da xiaomi parecem ainda ter partido de jornalistas chineses, segundo aponta a ComputerWorld. Sugestões que permitiram à Xiaomi acrescentar funcionalidades como a possibilidade de um utilizador poder gravar a sua voz mesmo que recebesse uma chamada, ou deixar o telemóvel em modo silencioso durante uma gravação (quem utiliza o telemóvel para gravar áudio, especialmente num meio como a Comunicação, sabe que pode ser incrivelmente incómodo estar sujeito a interferências externas).

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Barato não é sinónimo de ausência de qualidade

Olhando para outras fabricantes chinesas como a Huawei, a ZTE ou até mesmo a própria Lenovo, é fácil estigmatizarmos uma empresa chinesa que queira produzir smartphones Android acessíveis. Mas comparemos os 100 euros que gastaríamos num Android de baixa gama de alguma dessas empresas com, por exemplo, o Red Rice da Xiaomi – as diferenças poderão ser alarmantes.

A grande vantagem da empresa? Um telemóvel com boas especificações associado a um bom preço vai atrair utilizadores atentos e informados que muito provavelmente irão recomendar os produtos da empresa à sua rede de contactos. E esta é uma forma de marketing que irá favorecer, sem qualquer trabalho adicional, a Xiaomi.

Qual é o segredo para o sucesso?

É relativamente simples, de acordo com a TrendForce: a Xiaomi consegue oferecer bom hardware a um baixo custo porque apresenta os seus produtos com muita antecipação, o que dá tempo para reduzir os custos das componentes. O controlo do inventário, por sua vez, é feito exclusivamente através de pré-encomendas e evitando a produção de dispositivos em excesso.

E o marketing? Bem, a Xiaomi recorre exclusivamente nas redes sociais e não gasta milhares de milhões de dólares em publicidade como a Apple, a Samsung ou até mesmo a HTC. Já os custos de produção dos seus smartphones são de aproximadamente $85 por unidade, o que concede à empresa uma margem de lucro razoável para um telemóvel de baixo custo.

“Não somos apenas uma empresa chinesa barata a fazer telemóveis baratos”, afirmou o CEO da Xiaomi em entrevista ao New York Times. “Vamos ser uma empresa da Fortune 500”.

Será possível?

Aparentemente sim. A Xiaomi é a empresa chinesa a alcançar mais rapidamente lucros na ordem dos mil milhões de dólares. Como? A empresa vende acessórios para os seus dispositivos, temas para a sua interface e possivelmente publicidade através da sua plataforma MIUI.

Só na primeira metade de 2013 a empresa foi capaz de registar lucros na ordem dos 2.16 mil milhões de dólares, o que poderá permitir-lhe expandir para novos mercados tão brevemente como em 2014 (por enquanto a empresa está limitada à china, Taiwan e Hong Kong).

A Samsung tinha razão

O sucesso e a ascensão da Xiaomi vai ao encontro de uma previsão divulgada há algum tempo atrás pela Samsung, que referia que o próximo grande “fenómeno” dos mercados vai ocorrer nos segmentos das baixas gamas.