A Microsoft quer investir na Cyanogen? Eis porque faz sentido
A ideia, por mais estranha que possa parecer, faz todo o sentido
- Lauro Lopes
- 02/02/2015
- Android, Mobile, Tecnologia
O fim de Janeiro ficou marcado, entre outras notícias, pelo levantamento da hipótese de investimento na Cyanogen por parte da Microsoft.
[relacionadas_esquerda]Se o leitor ainda não conhece a plataforma, permita-me uma breve contextualização: o CyanogenMod é um software para smartphones Android baseado na versão open source do sistema operativo.
Ao contrário do Android mais convencional, oferece opções de personalização/configuração mais avançadas, bem como um desempenho mais “afinado” e uma maior variedade de funcionalidades.
Alguns dos telemóveis mais populares baseados nesta plataforma incluem o famoso OnePlus One, que está no centro das atenções da mais recente iniciativa do Telemoveis.com. O leitor pode saber mais sobre este assunto aqui.
Quanto ao potencial (é esta a palavra-chave a ter em conta) investimento, estima-se que este seja na ordem dos 70 milhões de dólares. Esta possibilidade tem chamado particularmente a atenção por aparentar não fazer nenhum sentido, especialmente quando a Microsoft já tem o seu próprio sistema operativo para alavancar. Mas as coisas não são assim são simples.
Porque faz sentido
A Microsoft e a Google são concorrentes no mesmo mercado. Um investimento numa plataforma como o CyanogenMod não significa necessariamente que a Microsoft vá ajudar a Google com o seu próprio dinheiro.
O CyanoGen não é baseado na versão do Android da Google. Por outras palavras, é visto como um firmware alternativo e conta com a sua própria comunidade de programadores dedicados.
Apesar de ser relativamente simples instalar o CyanogenMod sobre o Android mais convencional, esta é uma opção que geralmente é procurada por utilizadores mais avançados. Isto significa que, em contrapartida, o número de adeptos desta plataforma ainda é relativamente baixo.
O leitor provavelmente já ouviu falar de algumas campanhas anti-Google por parte da Microsoft. Dentro deste contexto concorrencial, um investimento na Cyanogen poderia ser visto como uma táctica defensiva por parte da empresa de Redmond.
Isto faz sentido se tivermos em conta que ainda recentemente – em Outubro de 2014 – circularam vários rumores que davam conta da intenção da Google em adquirir a empresa. Ao investir na empresa, a Microsoft estaria a distanciar a relação entre a Cyanogen e a Google.
Este, claro, não é o único motivo válido. A Cyanogen, só por si, está a fazer um bom trabalho com a sua plataforma. Empresas como a Nextbit encontram-se a trabalhar numa integração mais aprofundada entre o firmware e serviços da Cloud, com o objectivo de permitir novas funcionalidades.
Também a crescente penetração dos smartphones em mercados como a Índia, além do interesse que a Cyanogen está a despertar nas gigantes tecnológicas, estão a permitir à plataforma alargar o seu suporte para mais dispositivos.
Este último passo continua a ser essencial, uma vez que para a plataforma chegar a mais telemóveis – e, por consequência, utilizadores – será necessário conquistar a confiança das fabricantes, que são quem toma a decisão final de pré-instalar o software nos seus telemóveis.