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Nokia 7280

Desenganem-se os marialvas, estamos perante um terminal com potencial «de culto» que, uma vez usado, agrada e fica no goto de qualquer um. Uma posta ganha pelo fabricante que merecia maior adesão do mercado e mais arrojo na inclusão na oferta dos operadores….

CARACTERÍSTICAS
Ecrã : Capaz de 65.536 cores com resolução 104 x 208 pixéis.
Dimensões : 115 x 32 x 19 mm para 64 cm3 de volume e 84 gramas de peso.
Câmara : VGA (resolução máxima de 640×480), com zoom digital até 4x.
Multimédia: Inclui Rádio FM (necessita de um acessório acoplado como antena). Permite gravar clipes de som em .amr. Tons polifónicos a 40 vozes, Midi suportado.
Messaging : SMS, EMS e MMS, Browser XHTML.
Conectividade: Bluetooth e infra-vermelhos.
Redes : Tribanda GSM 900/1800/1900, HSCSD e EGPRS (classe 10).
Particularidades: Ecrã TFT duplica como espelho quando em repouso; botão rotativo para inserção de informação; vem com bolsa protectora em couro.
Bateria : BL-8N Li-ion 700 mAh. Reclama até 3 horas em conversação e até 240 horas em espera.

O melhor: Design original e soberbo; provavelmente a melhor qualidade em alta-voz que já testemunhámos num telefone
O pior: Ausência de Java; a bateria não é substituível pelo utilizador e sem intervenção da marca; a câmara não grava vídeo.
Conclusão: Um telefone-conceito perfeitamente usável; objecto
fetishe que fará as delícias do utilizador e suscitará admiração e inveja. Uma aposta ganha do fabricante que merecia maior adesão do mercado e mais arrojo na inclusão na oferta pelos operadores.

O Nokia 7280 é um produto absolutamente original que integra o conjunto de três modelos lançados em Portugal ao tempo e a pretexto da Moda Lisboa, sendo os outros dois o 7260 e o 7270 (a rever brevemente no Telemoveis.com). Trata-se de produtos que manifestamente não têm como vocação conquistar as massas, antes afirmar um estilo na marca finlandesa e apalpar terreno para a aceitação de novas tendências no portfolio.

Não se pense porém – e aí residirá talvez, para muitos, a surpresa – que o «bonito», o «azado» e o «original» se afirmaram em prejuízo do funcional e do usável. Muito pelo contrário, se alguma coisa perpassa pela cabeça de quem tenha a oportunidade de trazer no bolso durante alguns dias um 7280 é a delícia da sua grande facilidade de uso.

Ergonomia e Design

Será um isqueiro? Será um leitor de MP3? Não! É um telemóvel Nokia!

O 7280 é basicamente um monobloco, esguio e esquivo nos seus 115 x 32 x 19 mm, com o twist de a câmara só se revelar mediante extensão. À primeira vista facilmente passa por qualquer outra coisa que não um telefone; para esse efeito o que mais chama a atenção é ausência do convencional teclado alfanumérico.

De facto, com o 7280, pela primeira, tivemos necessidade de consultar as instruções para iniciar o uso e desde logo introduzir o PIN. A solução encontrada para inserção da informação não passa nem por um touchpad (para esse efeito, condizendo com o telefone, o ecrã é pequeno q.b.) nem por um jogdial, como na aparência pode parecer, mas por um botão circular rotativo que ora alterna entre menus (cima – baixo) ora permite, a partir de uma lista extensível de caracteres que surge no ecrã, que o utilizador escolha as letras ou os números que deve depois seleccionar mediante pressão.

Como utilizadores, o nosso primeiro erro foi pensar que o movimento do botão rotativo se limitava ao pequeno circulo prateado interior (desvantagens de não o ler panfleto com as instruções de referência rápida que vem na caixa, junto com o manual); quando na realidade ele pode ser movimentado em qualquer ponto da sua superfície. Se o preconceito nos levou por um instante a julgar ter encontrado imediatamente o primeiro óbice do telefone, o certo é que dominada a técnica, ao fim de algum tempo, o botão rotativo funciona tão bem e quase tão rapidamente quanto qualquer teclado; aliás, para esse efeito, e para minimizar o trabalho, o segredo é optar por usar o voice-dial (capaz de reconhecer até 10 números mais frequentes), cujo funcionamento é extremamente linear e capaz (para o activar basta manter premida durante algum tempo a tecla lateral inferior esquerda, dizendo de seguida o nome do contacto).

Sobre o botão rotativo há apenas a notar o facto de, estando localizado à direita, torna o terminal de manuseio complexo para canhotos.

Complementando-o o temos ainda quatro botões laterais, brancos e finos, de tal modo que parece fazerem ser um elemento integrante do design do telefone e não elementos de funcionalidade.


Leg: Nokias 7280, 6630 e uma disquette. Lado a lado.

Os dois botões à esquerda do botão rotativo, em direcção ao ecrã, funcionam como teclas de selecção nos menus enquanto os outros dois, à sua direita, são os clássicos «ligar» e «desligar», reconhecíveis por serem iluminados com umas discretas mas claras luzes verde e vermelha (os outros dois botões têm uma luz azul), respectivamente

Leg: Comparação da dimensão dos topos dos Nokias 7280, 6630.

Outra especificidade/originalidade flagrante do modelo é o seu ecrã (capaz de 65.536 cores com resolução 104 x 208 pixéis) o qual, quando em repouso, e não estando iluminado, funciona como um perfeito espelho, capaz de auxiliar qualquer retoque na maquilhagem ou penteado.

Globalmente, as linhas externas do terminal são tributárias de um revivalismo do estilo Art Deco, pontificando sobre um fundo negro uma geometria dócil, plena de harmoniosas e envolventes curvas a plástico branco, reforçadas aqui e ali pelo prateado. Para esse efeito, a nível da espessura, o telefone não é perfeitamente rectangular, consistindo antes num rectângulo ligeiramente «inclinado» sob um dos lados.

Num dos topos, uma série concêntrica de figuras brancas mais ou menos rectangulares destacam-se por, activada a «luz de presença», emitirem flashs de luz vermelho de x em x tempo.

Outra das diferenças marcantes do telefone passa pela ausência de uma tampa removível para o compartimento da bateria; esta está integrada dentro do terminal, requerendo, quando for necessária a sua substituição, que se recorra à intervenção da assistência do fabricante.

Do mesmo modo, a forma de inserção do cartão SIM é inédita; ele encaixa numa pequena «gaveta» lateral, cuja ranhura deverá ser solta pelo utilizador mediante uma pequena haste, com uma fina ponta, que, uma vez inserida no orifício próprio, a liberta.

É de louvar a preocupação do fabricante em incluir com o modelo, na caixa, uma destas gavetas extra, para o caso de extravio – aliás improvável – da primeira.

Outra marca de água no desenho do 7280 é o distinto tom contrastante vermelho do interior, revelado apenas quando o utilizador desliza o telefone e o estende para uso da câmara. O efeito é feliz.

De notar que a metade superior do telefone pode ser, por exemplo para revelar o número de sério do terminal no interior, facilmente removida.

Os pequenos detalhes de estilo a que o fabricante se deu ao trabalho de incluir estendem-se ainda aos acessórios, sendo imediatamente evidentes no facto de a nome do fabricante surgir, não em relevo no corpo do telefone mas numa discreta etiqueta em material têxtil, como normalmente se encontra nos utensílios de marca.

Em dois pontos distintos do telefone, onde o utilizador é susceptível de aplicar o polegar, optou-se por incluir uma cobertura em fibra têxtil de cor negra, com o efeito de aumentar em muito a adesão do dedo.

Quanto aos acessórios, o requinte manifesta-se na originalidade do carregador e estende-se à inclusão de uma requintada bolsa em couro negro por fora e em veludo vermelho por dentro; sobre esta bolsa há apenas a notar o facto de ser bastante justa (fecha-se mediante dois botões de mola) e relativamente pouco prática.

A bolsa é complementada por um fio para trazer o telefone ao pulso, ele próprio a couro negro.

Relativamente ao carregador a originalidade reside no facto de este incluir, numa das metades, uma superfície plástica desdobrável que permite ocultar sob si o fio enrolado (ver fotos).

Conectividade e Software

O nokia 7280 é um modelo tribanda com GPRS classe 10, evidenciando boa captação e, sobretudo, de forma surpreendente num modelo tão pequeno, pela capacidade absolutamente excelente de reproduzir som em alta-voz; com uma qualidade e volume tão mais espantosos quanto o altifalante ele próprio é de dimensão muito diminuta, consistindo numa pequena ranhura lateral, ao lado da porta de infra-vermelhos.

No plano da conectividade, marcam simultaneamente presença a ligação sem fios via bluetooth, aliás muito boa (permitindo por ex. a navegação das pastas do telefone a partir do explorador do Windows) e a porta de infra-vermelhos.

No que ao software do telefone toca, os menus constituem uma versão minimizada e pouco ambígua (ver ilustrações) do que é costume na série 40, com nove grande itens principais desmultiplicáveis, onde o único óbice residirá porventura em, por vezes, a selecção de um item obrigar a uma dupla pressão de botão. Para este efeito, teria sido excelente que o botão rotativo tivesse sido concebido de forma a, pelo menos, incluir uma opção de pressão em profundidade, para selecção.


Saliente-se que a qualidade do ecrã é boa; sendo capaz de 65 mil cores em 208 por 104 pixéis, correspondente a um tamanho de cerca de 15 por 30 mm.

O Nokia PC Suite que acompanha, em CD, o terminal oferece um conjunto muito completo de ferramentas (ver demonstração de uso); incluindo a possibilidade de sincronização de contactos; a gestão e transferência de ficheiros; a instalação de aplicações directamente a partir do PC; a edição e transferência de músicas e tons; um multimédia player para ver no PC os formatos móveis; uma utilidade para gestão de contactos e composição de mensagens, bem como o fatal gestor de ligações.

Clique aqui para ver uma animação demonstrativa da instalação do software que acompanha o Nokia 7280 (apenas se possui acesso por banda larga e alguma paciência) >>

Clique aqui para ver uma animação demonstrativa da utilização do software Nokia PC Suite(apenas se possui acesso por banda larga e alguma paciência) >>

Multimédia, Câmara & Mobile Fun

A composição das mensagens, sempre com o sistema de inserção de texto via barra de selecção, é naturalmente auxiliada por um sistema de escrita predictiva; sendo apenas de lamentar a ausência do cliente de e-mail.

A câmara do telefone tem uma resolução máxima VGA (640×480 pixéis), com possibilidade de aplicação de zoom digital até 4X; é o suficiente para o fim em vista embora a qualidade das fotos não seja o lado mais brilhante do terminal, estando ausentes muitas da opções de edição/composição de imagem que já se tornaram comuns.

A nível da personalização do terminal são oferecidos um conjunto de temas e protectores de tela, de grande bom gosto, sempre enquadrados na estética Art Deco.

A personalização, a nível dos acessórios extra que se podem adquirir, oferece tudo o que seria de esperar de um telefone com bluetooth, destacando-se o «Auricular Sem fios de Imagem», que inclui um ecrã com resolução de 128 por128 pixéis e pode ser usado ao peito, como «medalhão».

Leg: Fotos tiradas pelo Nokia 7280. Acima uma demonstração da aplicação dos 4 passos de zoom. Clique nas fotos para ver as imagens no seu tamanho original.

Conclusão

Desenganem-se os marialvas aos olhos de quem o 7280 poderá surgir como «efeminado» ou «telefone de senhoras»; trata-se na realidade de um terminal com potencial «de culto» que, uma vez usado, agrada e fica no goto de qualquer um.

Já escrevemos aqui uma vez que, de forma simplificada, uma maneira possível de dividir os telemóveis, em função daquilo que o potencial utilizador neles busca, passa pela separação em dois grandes grupos: o dos amantes do small is beautiful, para quem o essencial é um telefone prático e pequeno e o dos amantes da convergência, para quem o importante é a inclusão do maior número possível de funcionalidades, com um grande ecrã e demais tamanho a condizer.

Os segundos farão melhor em procurar um smartphone doutra classe, para primeiros, em contrapartida, o Nokia 7280 é definitivamente e doravante o padrão a seguir, o objecto a cobiçar e provavelmente a melhor opção a escolher.