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Índia quer espreitar SMS

O Governo indiano quer pôr as mensagens escritas sob apertado controlo, alegadamente por motivos de segurança.

A Índia parece apostada em seguir as pisadas dos EUA, assim como de vários regimes ditatoriais, aumentando sem cessar o controlo sobre as comunicações individuais sob o argumento da segurança anti-terrorismo. E, tendo já acesso aos conteúdos das mensagens de e-mail e às próprias chamadas de telemóvel, o Governo quer agora alargar a sua interferência às mensagens de texto (SMS) que circulam nas redes de telefonia móvel.

Nesse sentido, o Ministério dos Assuntos Internos, com a ajuda do Ministério das Comunicações, está a pressionar os operadores de telefonia móvel para instalarem equipamentos que permitem interceptar as mensagens de texto enviadas pelos telemóveis.

Apesar dos elevados custos associados à instalação desses equipamentos de vigilância, o sector parece disposto a colaborar. “O Governo tem procurado informar-se a respeito dessas técnicas de monitorização com as empresas”, apontou T. V. Ramachandran, do COAI (associação indiana de operadores), admitindo que “vamos cooperar com as autoridades”.

Segundo o Ministério das Comunicações, há nove milhões de indianos a utilizar telemóvel no país, os quais enviam diariamente mais de 25 milhões de SMS. Os operadores cobram entre 0,3 e 0,6 dólares por cada mensagem enviada, mas a monitorização não gera qualquer receita. E os custos de vigilância de uma rede com 500 mil linhas oscilarão entre os 100.000 e os 200.000 dólares.

Além disso, nenhuma das redes de telefone móvel da Índia está ainda preparada para assegurar a intercepção de SMS, conforme assume o representante do COAI, pelo que estão a ser temidos custos altíssimos também com a instalação dos sistemas.

Mas o avanço da medida parece mais do que certo. Conforme aponta a Wired, as autoridades indianas pedem às empresas que ajudem a praticar o “big brother” sobre os cidadãos, só que não lhes deixam alternativa que não seja a de aceitarem ajudar. É que, por exemplo, os provedores de Internet indianos são obrigados a monitorizar os e-mailes dos seus utilizadores para poderem receber os respectivos alvarás.

Além disso, as operadoras móveis já têm sistemas que permitem interceptar 180 linhas simultaneamente. As autoridades também querem passar a controlar todos os fazes enviados no país e preparam-se para fazer o mesmo quando ali forem lançados os serviços de multimédia móvel.

Ainda no que toca ao controlo das SMS, as operadores terão que manter registo de todas as mensagens. E softwares especiais irão criar perfis dos utilizadores, detectando quem envia mensagens a pessoas de países que abrigam terroristas, casos em que o próprio software se encarregará de alertar as autoridades.